Da capital mais fria do Brasil ao mês do desgosto

Na dúvida, não custa nada bater 3 vezes na madeira para espantar o azar, já que até mesmo as viagens de descobrimentos de Portugal começaram com um pé atrás

Não por ser algo inesperado, o frio voltou a motivar as conversas em e sobre Curitiba. Como bem definiu, tempos atrás, o jornalista e escritor Manoel Carlos Karam, grande figura, amigo do peito, “em Curitiba só existem duas estações – o inverno e a rodoferroviária”.  

E temos ainda do jornalista e escritor pernambucano Fernando Pessoa Ferreira, em crônica publicada na Revista/Livro de Cabeceira do Homem, Editora Civilização Brasileira. Isso mesmo: e, depois da Revista Civilização Brasileira, que circulou de 1965 a 1968, a editora de Ênio Silveira lançou na década de 70 a tal revista/livro.  

– A maior atração de Curitiba é o inverno, que começa em fevereiro e termina em dezembro. Nos outros meses, chove.  

E no resto do país?  

– Quem descobriu o Brasil, cobre de novo porque tá frio demais!  

Um anônimo, que não é o veneziano.  

– E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível.  

Albert Camus.  

– Ter uma carreira é maravilhoso, mas ela não pode te aquecer numa noite fria.  

Marilyn Monroe.

– Enquanto todos praguejavam contra o frio, fiz a cama na varanda/me esqueci do cobertor.  

Raul Seixas. 

Monstro gigante no céu  

Vale lembrar outro carimbo que a capital (quase) recebeu: República de Curitiba, que deu asas para certos políticos, (muitos) picaretas e (idem) aproveitadores e incautos.  

A má fama de agosto também remonta ao passado quando o povo da Roma antiga temia um monstro gigante que aparecia no céu, que na verdade era a constelação de Leão, mais visível nessa época do ano. Já a clássica frase “agosto, mês do desgosto”, surgiu em Portugal, na época dos descobrimentos.  

Os casamentos que ocorriam eram considerados “azarados”, pois as caravelas costumavam partir para o Novo Mundo nessa época. Quem se casava em agosto não conseguia fazer a lua de mel e as noivas ainda tinham o risco de se tornarem viúvas antes mesmo de aproveitar a melhor época do casamento: o início.  

Registros históricos e nem tanto  

Foi no dia 1.º de agosto de 1914 que a Alemanha declarou guerra à Rússia e, no dia 3, à França. No dia seguinte, o Reino Unido declarou guerra à Alemanha. Explodia a Primeira Guerra Mundial, que terminaria em 1918. Hitler assumiu o poder em agosto de 1934. No dia 6 agosto de 1945 a bomba atômica arrasou Hiroshima; três dias depois, o alvo foi Nagasaki.  

E temos ainda: início da construção do muro de Berlim; morte da princesa Diana; a morte de Elvis Presley, a renúncia (1961) de Jânio Quadros; o suicídio de Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954).  

Mas, é claro, há datas para comemorar em agosto, estimulando seus objetivos, caso do Dia Nacional da Saúde, dia 5, Dia dos Pais, segundo domingo de agosto, Dia dos Povos Indígenas (dia 9), Dia do Estudante (11), Dia da Juventude (12), entre outras visando um futuro melhor.  

Mas, por falar em ódio, desprezo, despreparo e coisas afins, há que se registrar algo que foi sacramentado 2 meses depois de agosto, mais precisamente no dia 28 de outubro de 2018: a eleição de quem tinha sido expulso do Exército, ele mesmo, o capitão corona, como foi chamado pelo Financial Times, e, depois, de genocida. E ele não gostou. Afinal, segundo assessores (ou eles preferem acessores?), não é genocida, mas jenocida.  

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