O fechamento de bares e casas noturnas em Curitiba, por conta da tal gripezinha, começou em novembro. Isso mesmo. Foi no dia 27, quando a prefeitura determinou a volta para a bandeira laranja. Bandeira laranja, mas, para muitos, um tremendo cartão vermelho – e diário.
Hoje, por conta da reclusão, não poucos recordam os velhos tempos – e não tão velhos assim – do bate papo livre e descontraído com amigos pelos bares da vida. Sem hora para começar, mas só para encerrar – fim do expediente. Respeitando as regras e normas da casa, é claro. E alguns avisos e alertas, afixados em pontos bem visíveis, procediam inteiramente, como aqueles que eram feitos verbalmente em casa, dirigidos para os filhos, ainda crianças: Cuidado, não enfie o dedo na tomada… Já escovou os dentes?
É melhor prevenir
Sobre papos e outras coisas de boteco, há quem tenha citado alguns avisos, caso do famoso já na entrada e bem visível: Proibido entrar bêbado – sair pode… E, lamentando a praga da tal gripezinha, tenha lembrado também que, certa vez, ouviu um papo a respeito de catavento e orelhão. O parceiro de copo foi sincero:
– Do orelhão eu me lembro, mas do catavento… O que era mesmo?
E o papo continuou – agora voltado sobre os medos que marcaram sua infância:
– E do que você tinha medo?
– Ah, do boitatá, do bicho cachorrinho, lobo mau, bicho papão, cachorro louco, assombração, do escuro, do bicho cabeludo, espinhos no jardim, urtiga, do véio do saco, da mula sem cabeça, do lobisomem. E do malamem. Para muitos, perigoso mesmo era o tal malamem…
– Malamem? Essa eu não sabia…
– É, fui descobrir mais tarde, era do final da oração livrai-nos do mal, amém.
Ainda sobre papos e outros registros temos a do sujeito que, ao receber a conta, não deixou por menos:
– Desculpe, mas não posso pagar…
– Como assim?
– Dependo do meu volume de renda… E ele tá em baixa constante.
E, num certo bar da cidade, ao lado do televisor, uma plaqueta advertia (para quem dominasse um pouco do inglês): Stop talking, the game is on! Era um pedido da ESPN – devidamente endossado pelo dono do estabelecimento. E, hoje, ganhou espaço ao lado outra plaqueta: Atenção – Obrigatório uso de máscara.
Pra encerrar: na entrada desse mesmo bar há um vaso de considerável tamanho com uma belíssima folhagem. Como é proibido fumar lá dentro, há quem, fumando lá fora, utilizasse o vaso como cinzeiro. Isso mesmo. E como os apelos entravam por um ouvido e saíam pelo outro, o jeito foi colocar uma plaqueta encostada no vaso, com o aviso em letras maiúsculas: EU NÃO FUMO/NÃO SOU CINZEIRO.