Amazônia – a devastação a todo vapor

O desmatamento atingiu 778 km², o maior para um mês de abril nos últimos 10 anos – mas, para o governo gripezinha, o capinzal amazônico crescerá de novo...

Como se sabe, o Dia da Árvore é comemorado em setembro, no dia 21, e tem como objetivo a conscientização a respeito da preservação desse bem tão valioso. A data é diferente em outros países, já foi escolhida em razão do início da primavera, no dia 23 de setembro. E a respeito de árvores e o atual desgoverno federal, ou com o devido respeito às árvores, há quem tenha lamentado o que vem ocorrendo na Amazônia – recordes seguidos de desmatamentos. Isso mesmo, batendo recordes. No mês passado atingiu 778 km², o maior para um mês de abril registrado nos últimos dez anos, segundo monitoramento extraoficial feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).  

Riscos à soberania  

Depois do pré-sal, no país que não teria um pingo de petróleo, os riscos à soberania nacional perduram de modo acelerado e o desgoverno faz lembrar a tal gripezinha – algo leve, passageiro…  Dia 3 de dezembro de 2020 – uma reportagem de Nicholas Shores, Emilly Behnke e Daniel Galvão, no jornal O Estado de S. Paulo, fazia o devido registro:  

– O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que o seu governo teria intenção de cooperar com outros países em torno da preservação da Amazônia. Junto com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sustentou que essa cooperação só seria possível com nações que respeitassem a soberania brasileira.  

Anunciado como o chefe da delegação na Conferência do Clima da ONU, em Glasgow, Escócia, a COP-26, Salles disse que defenderia os interesses do Brasil e que tinha certeza que conseguiria aproveitar o evento para obter recursos para cuidar do meio ambiente. Só crítica de graça não adianta, tem que vir recurso, ressaltou.  

Batendo (tristes) recordes  

O que é o SAD? Sistema de Alerta de Desmatamento, uma ferramenta de monitoramento da Amazônia baseada em imagens de satélites. Foi desenvolvida pelo Imazon em 2008 para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal na região. O desmatamento consiste na conversão total da floresta para outra cobertura e uso do solo, enquanto a degradação é um distúrbio parcial na floresta causado pela extração de madeira e/ou por queimadas florestais.  

O desmatamento cresceu mais de 88,4% em junho na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o segundo mês consecutivo de aumento do desmate no governo, ou desgoverno Bolsonaro. Ainda pelos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento totalizou 920 quilômetros quadrados e já atingiu 4.565 quilômetros quadrados nos 11 primeiros meses, um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2018.  

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil.

Dá para comemorar?  

21 de setembro – Dia da Árvore. Com o objetivo de conscientizar a população da importância da preservação das árvores e, por via de consequência, as florestas, e seu papel fundamental para a vida no planeta. Esta data foi escolhida para coincidir com a chegada da primavera no hemisfério Sul.

A data é diferente em outras partes do mundo. Motivo: o início da primavera, que começa no dia 23 de setembro no hemisfério Sul. Como se sabe, a primavera é a estação do ano que se inicia após o inverno e antecede o verão. A nova estação indica mudanças que vão do clima ao comportamento dos animais. Os dias tornam-se mais longos do que as noites e o calor aumenta. As aves ficam mais ativas, afinal, iniciam o período de reprodução. E até espécies migratórias chegam por nossas bandas, caso da juruviara e do bem-te-vi-pirata.  

E como o Brasil é um continente, cada região escolheu a sua árvore como símbolo: região Norte – castanheira; Nordeste – carnaúba; Centro-Oeste – ipê amarelo; Sudeste – pau-brasil; região Sul… ah, essa é fácil – araucária.  

No passado sua presença era tão comum que os índios chamavam de curitiba – imensidão de pinheiros. Mas aconteceu o previsível: os desmatamentos. E a árvore brasileira, que surgiu há mais de 200 milhões de anos, e enfrentou mudanças climáticas. A espécie depende do vento e também da sorte para se reproduzir. Ela chegou a ocupar metade do território paranaense. Virou um dos símbolos do estado e ficou conhecida como pinheiro do Paraná. Com a prolongada exploração restaram poucos exemplares de árvores centenárias. O desmatamento, ainda segundo estudiosos do assunto, ocorreu principalmente no início do século 20, por conta de grandes madeireiras.  

O nosso velho pinhão  

Cada árvore chega a produzir 40 quilos de pinhão. A semente de araucária serviu de alimento para muitos animais e também para os índios caingangues, que habitavam o Paraná.  Por isso, se tornou um dos símbolos do Estado e ficou conhecida como o pinheiro do Paraná.  

Sobre a destruição da Amazônia, vale voltar no tempo. Já foi considerada até o pulmão do mundo, uma vez que representa – ou representava – um terço das florestas tropicais do planeta, desempenhando papel imprescindível na manutenção de serviços ecológicos, garantindo a qualidade do solo, dos estoques de água doce e protegendo a biodiversidade.  

Efeito estufa  

Quais são as principais fontes de gases do efeito estufa decorrentes das atividades humanas? São várias as fontes que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa. As duas principais são a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de regiões tropicais como a Amazônia.

Com isso, os países industrializados como os Estados Unidos, Japão, China e a Rússia são os maiores responsáveis pelo aquecimento global, muito embora as queimadas, sobretudo de florestas tropicais, contribuam para o desequilíbrio do clima na Terra.  

E temos o Protocolo de Kyoto, assinado por mais de 175 países, inclusive o Brasil, onde foi implantado de forma efetiva em 1997. Assim, o Brasil não entrou na lista dos países responsáveis pelo aquecimento global. Não entrou naquela época, mas hoje…  

PS: voltaremos a comemorar o Dia da Árvore? 


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