A piada é antiga, mas, infelizmente (e bota infelizmente nisso), nunca perde a atualidade. Ainda mais no Brasil de hoje. Um político fazendo discurso bate no bolso da calça e afirma, de forma categórica:
– Nesse bolso nunca entrou dinheiro público!
Aí, alguém não resiste e grita:
– Calça nova, hein?!
Breves lições (mas definitivas)
Segundo Maquiavel, “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.
Albert Einstein: “O meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”.
Eça de Queiroz: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.
Pobre – após dois anos de mandato
Sobre pessoas honestas na política, não há como esquecer Graciliano Ramos. Autor, entre outras obras, de Vidas Secas (1938) e Memórias do Cárcere (1953, livro publicado postumamente), Graciliano foi prefeito de Palmeira dos Índios, Alagoas. Eleito em 1927, assumiu no ano seguinte, exercendo o cargo por 2 anos. Renunciou no dia 10 de abril de 1930, posto que, “embora ganhasse subsídios simbólicos, não se locupletava com a corrupção. Daí ter empobrecido em dois anos de mandato”.
– O escritor arredio, foi um tocador de obras que enfrentou fazendeiros e moralizou o comércio.
– Prefeito a contragosto, mandou os pedintes quebrar pedras em troca de dinheiro. Eles não foram mais vistos na cidade.
– Brigou até com o pai, o velho Sebastião Ramos, após mandar um fiscal multá-lo por descumprir a determinação da prefeitura de não deixar animais soltos nas ruas da cidade. Quando o pai, magoado, reclamou, Graciliano respondeu: “Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa. Mas terei de prender seus animais toda vez que o senhor deixar os bichos na rua”.
– Aí, um fiscal hesitou em multar o pai de Graciliano. “Prefeito não tem pai”, sentenciou o Velho Graça.
Que falta faz um Graciliano Ramos – como escritor e como político.