A face (nada) oculta do mal

O flerte do Brasil com o nazismo remete à Segunda Guerra Mundial. Há registro de casamento de nazistas em Curitiba

O tal de Roberto Alvim, selcretário da Curtura (como escreveria o ministro da Educassão), foi colocado na marca do plênalti  (como diria o Bolsonaro) e devidamente dispensado por conta de seu vídeo nazista – copiando trechos de declarações de Joseph Goebbels. Há quem tenha voltado no tempo: a participação do Brasil na II Guerra. Contra o nazismo e o fascismo.    

A FEB (Força Expedicionária Brasileira), na Itália, mobilizou em 7 meses de luta um contingente de 25.445 homens – 450 morreram e 3 mil ficaram feridos. Entre os mortos, 28 pilotos da Força Aérea. Os corpos permaneceram no Cemitério de Pistoia, na Itália, até 1960. Em outubro daquele ano, os restos mortais foram transferidos para o Monumento Nacional dos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.

Ex-secretário especial da Cultura Roberto Alvim.

Reação imediata

Sobre pronunciamento do (então) secretário da Cultura do Governo Bolsonaro, Roberto Alvim, a reação foi imediata – e fulminante. O Museu do Holocausto de Curitiba se manifestou, merecendo o devido destaque no Plural. A entidade diz que, mesmo após sua demissão, não descarta possíveis ações judiciais contra Alvim. A questão deve ser debatida com outras entidades que compõem a Federação Israelita do Paraná.

Em certo momento do vídeo, o então secretário Alvim afirma que “a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.

Decalque de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Cultura e Comunicação da Alemanha Nazista: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.

O ministro de Hitler teria feito tal afirmação a diretores alemães de teatro no início da década de 1930, segundo o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.

Sintoma(s) do mal

E, como também bem destacou o jornalista Rogério Galindo, aqui no Plural, “o nazismo de Roberto Alvim é um sintoma, não uma exceção”. Ou seja, “de nada adiantará tirar a fruta de uma árvore que continuará produzindo”.

Sobre a ascensão e queda (?) do nazismo, há quem tenha retirado da estante exemplares das revistas Aventuras na História e Momentos da História – Nazismo, edições de agosto do ano passado; na primeira, temos “As guerras secretas e o ás tupiniquim”. No texto de M.R.Terci fica-se sabendo que o ás tupiniquim era natural de Curitiba e que “o piloto brasileiro combateu na II Guerra e se tornou o único do país com a mais alta condecoração nazista” e que “o curitibano inspiraria, assim, muitos outros jovens a somarem forças aos alemães, entre estes, outro brasileiro, nascido em São Bento do Sul, no estado de Santa Catarina. Ingressou na Luftwaffe, combateu no front russo; um piloto habilidoso, mas obteve menos êxito do que o curitibano – morreu em fevereiro de 1942, abatido por aviões russos”.

O nazismo entre nós

A propósito do nazismo em nossas plagas, temos ainda o livro Arquivo Público do Paraná: Espaço Nobre da Cidadania. Texto do jornalista Maurício Cavalcanti de Lima e de Adolpho Mariano da Costa, reunindo fotos de Joel Schmidt e José Joel Cerizza, mais ilustrações de Cláudio Seto. 122 páginas. Edição do Arquivo Público do Paraná – Curitiba – 1991. Foi no primeiro mandato de Roberto Requião como governador.

Trecho da apresentação:

– 11.07.1991 – Nesta data, parte do passado negro de nossa história começou a ser resgatado, tendo o Paraná assumido o papel de paladino das liberdades públicas. Numa atitude corajosa a ser seguida por outros estados, o governador Roberto Requião assinou o Decreto nº 577, transferindo para o Departamento Estadual de Arquivo Público os arquivos da extinta Delegacia de Ordem Política e Social, Dops, com um acervo de 62.500 fichas.

Entre as fichas, com fotos, temos reunião de nazistas, com suástica ao fundo, no Clube Concórdia, em 1942; cena de um casamento nazista nos arredores de Curitiba (o noivo com uniforme nazista ao lado da mulher); folheto de intimidação aos judeus (na capa, junto a um desenho da suástica, o título Morte aos judeus), e muitas fichas com manifestações integralistas em Curitiba e outras cidades (1937).

PS: Viver é perigoso.

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