Recluso por conta da pandemia há quem tenha recorrido a um velho provérbio árabe depois de ler o noticiário sobre as barbaridades de quem (no poder) trata de ganhar dinheiro por conta da desgraça alheia.
– É o homem que ganha o dinheiro… Ou é o contrário?
Depois, sacou da prateleira um exemplar (número 5, de 2019) – da Revista Civilização Brasileira, a velha RCB, publicação mensal que circulou de março de 1965 a 1968, por conta do editor Ênio Silveira. E nele temos “Momentos de História – Nazismo: a ideologia por trás da tragédia”.
Trechos, devidamente sublinhados: em janeiro de 1919, o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP) entrava em cena.
– Com a crise socioeconômica provocada pela 1.ª Guerra Mundial surgiram na Alemanha diversos grupos nacionalistas com o propósito de defender os ideais da pátria. Embora nanico, com cerca de 60 membros, o DAP preocupava o governo pelo caráter subversivo: assim, o exército nomeou Adolf Hitler, “um dos inúmeros soldados encostados por conta do final da guerra”, para entrar no pequeno partido e influenciar o grupo.
Ainda da revista/livro:
– Curiosamente, o austríaco foi admitido como o membro 555, já que o partido sempre adicionava o número 500 para dar impressão de grandeza. Defendendo a raça ariana, o “protagonismo do Estado e da guerra, para recuperar os territórios perdidos” e, com uma bandeira definida, o partido mudou de nome, passando a ser Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães).
E temos as manias, paixões e esquisitices do ditador Adolf Hitler, além da lista os financiadores do nazismo (poderosos empresários e uma série de empresas, entre elas algumas que faturam alto até hoje) e o neonazismo (os ideais racistas continuam fazendo estragos – inclusive no Brasil).
Mais do que erro de grafia
O texto revela que Alois, o pai de Adolf, “foi gerado fora do casamento e, assim, não tinha o sobrenome de seu progenitor, que na verdade era Hiedler. Mas, com ajuda de um padre, conseguiu a concessão do reconhecimento de paternidade. Porém, na hora de escrever o nome, trocou Hiedler por Hitler – e o estrago nunca foi corrigido”. E tem mais: “Os erros eram mais comuns do que se imagina: entre outros nomes dos antepassados de Hitler aparecem Hoedler e Hüttler”, além do Hiedler”.
Um gênio (do mal)
Em um discurso, Hitler, “em demonstração de endeusamento próprio sem nenhuma preocupação com a modéstia, afirmou que não queria ter filhos”:
– Já observei que descendentes de gênios sofrem demais…
Preocupado com a imagem, ele não aparecia em público usando óculos, já que isso, para ele, era “sinal de debilidade”. E uma anomalia envergonhava Hitler: a criptorquia, que se caracteriza por “somente um de seus testículos ter descido à bolsa escrotal”. Vai daí que, na 2.ª Guerra Mundial, soldados britânicos, para provocar o ditador alemão, cantavam: “Hitler has only got one ball” – “Hitler só tem uma bola”.
Homem do ano e Nobel da Paz
O soldado Hitler teve muita sorte e escapou da morte na 1.ª Guerra Mundial: em setembro de 1918, durante uma batalha, “um soldado britânico (Henry Tandey) chegou a apontar a arma diretamente para o futuro ditador, mas, ao ver que o inimigo estava ferido, teve misericórdia e poupou sua vida”. Azar para a humanidade.
Não poucos endeusaram Hitler: em 1939, na Suécia, o deputado E.G.C. Brandt “fez uma sugestão que seria irônica se não fosse trágica”: a indicação do tirano para o prêmio Nobel da Paz. Isso, certamente, por ajuda da revista Time, que, no ano anterior, havia brindado Hitler com o título de Homem do Ano…
Ainda de “Momentos da História – Nazismo: Neonazismo – os ideais racistas fazem estragos até os dias de hoje – inclusive no Brasil”.
Alguma dúvida quanto a isso?