A coluna anterior abordou as primeiras eleições no território paranaense. O primeiro pleito no Paraná emancipado politicamente aconteceu em 1854 e, na oportunidade, foram eleitos 20 deputados da Assembleia Provincial, o primeiro senador e o primeiro deputado para a Assembleia Geral (que equivaleria ao atual cargo de deputado federal). Mas, ao longo do período imperial, como ficava escolha do governador, ou – como era denominado na época do Império, do presidente da Província?
Durante o regime monárquico, cabia ao imperador nomear cargos de confiança para comandar suas províncias O primeiro foi o baiano Zacarias de Góes e Vasconcelos, que se tornou o primeiro presidente provincial do Paraná, assumindo o posto em 1853. Ele se manteve no cargo até maio de 1855.
Porém, o que se viu depois foi uma constante troca de mandatários. Durante os 36 anos que a Província do Paraná existiu– até a Proclamação da República em 1889, quando o território passou a se chamar “Estado” – foram 41 diferentes presidentes provinciais – uma média de oito meses e meio para cada um.
Alguns desses nomes, após saírem do cargo, eram nomeados novamente anos depois para assumirem o posto de presidente da Província – o que totalizou 54 mudanças de governo. Agostinho Ermelino de Leão, por exemplo, tomou posse do cargo em cinco oportunidades. Além disso, alguns assumiram o cargo como interinos. “Dos 29 presidentes efetivos, somente três eram paranaenses”, escreve o historiador e professor Renato Mocellin.
Com tanta dança das cadeiras, não é difícil imaginar a instabilidade e ineficiência administrativa que fizeram parte dessas quase quatro décadas provinciais. Quem por mais tempo ocupou a cadeira de presidente foi Adolfo Lamenha Lins, que ficou no cargo por dois anos e dois meses (1875-1877).
Os presidentes eram escolhidos pelos partidos políticos dominantes e nomeados para o cargo pelo Imperador. Podemos resumir a história provincial do Paraná em dois momentos. O primeiro até 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, e depois até a instauração da República, quando o Paraná dá adeus ao termo ‘província’ e passa a ser um estado.
No primeiro período, os presidentes vinham de outras províncias. No segundo, há mais autonomia para escolher presidentes nascidos no próprio território.
Vale ressaltar que em 1854, o Paraná era uma província pequena e de pouca expressão econômica. Tinha aproximadamente 62 mil moradores e serviu, sobretudo, como trampolim político para a carreira de muitos que ocuparam o cargo. Por muito tempo, serviu como uma espécie de escola formadora de administradores públicos, que adquiriam experiência em solo paranaense e depois galgavam posições melhores em sua carreira dentro do governo imperial.
Com a instalação da República, a história não mudou tão rapidamente. Mesmo em um sistema republicano, imperou o voto de cabresto, o coronelismo, o controle político oligárquico e o voto aberto… Mas esse é um tema para a próxima coluna!
Sobre o/a autor/a
Diego Antonelli
jornalista formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e tem mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná. Atuou nos jornais Diário da Manhã e Jornal da Manhã, ambos de Ponta Grossa. Em 2011, começou a escrever para o jornal Gazeta do Povo. Na Gazeta, Antonelli assumiu a página semanal que o veículo mantinha
sobre História. Em 2008, lançou seu primeiro livro – Em Domínio Russo. Em 2016, lançou a obra Paraná – Uma História. Participou, como coautor, do livro Vindas – Memórias de Imigração e escreveu ainda Jornal Voz do Paraná – Uma história de resistência. Publicou também a obra TJPR -130 anos de História.