O mundo paralelo do Metaverso

As revoluções e impactos da plataforma que fez o Facebook alterar seu nome

Você abre os olhos e está no meio de uma rua geométrica e bem construída. Não há buracos na calçada, veículos ou relevo onde se pisa. Ambos os lados possuem construções que exibem anúncios, arte e entretenimento custando valores anunciados em centenas de moedas diferentes. O sol não corre no céu e o relógio não move os ponteiros. Não há vento, animais transitando pelo céu ou terra, assim como as próprias plantas são artificiais. Ao chegar no final de qualquer rua você verá o mar, que se estende por um horizonte infinito.

Por mais que a narração possa parecer parte de um sonho, ela é real e será parte comum no futuro. Isso é o que acredita a empresa Facebook, que está investindo tudo no Metaverso, uma plataforma virtual onde poderemos vivenciar experiências simulando um espaço físico substituindo o atual formato das redes sociais. A aposta é tão forte que a realidade virtual e aumentada será o futuro da comunicação e socialização, que o Facebook alterou o nome de sua empresa no dia 28 de outubro de 2021 para “Meta”, demonstrando o nível de comprometimento com o novo projeto.

Mas o que seria essa nova plataforma chamada de Metaverso? Para a pesquisadora do ITS Rio Celina Carvalho, a futura rede social é o encontro entre o físico e o virtual. “Imagina que a gente tem uma reunião, que ao invés da gente entrar por vídeo chamada, bastaria a gente entrar neste ambiente virtual e aí seria como se tudo mundo estivesse na mesma sala. As pessoas poderiam interagir de uma forma muito mais intensa e imersa”, afirma Carvalho. “Eu acredito que a gente vai ter um impacto significativo na forma de comunicar e como a gente interage no ambiente virtual. Acredito que tem um grande potencial para tornar a experiência mais imersiva, quem sabe até mais pessoal”.

“Hoje o usuário está acostumado a comprar em um website, que simplesmente mostra uma imagem. Mas quem oferece a realidade aumentada já faz com que aconteça aquela viralização dos colegas comentando aonde tem realidade aumentada, aonde tem essa experiência. Porém, daqui há poucos anos, ela vai ser obrigatória. Nenhum usuário vai querer comprar em um website que não tenha essa experiência.”

Caio Jahara, fundador e CEO da R2U, empresa de realidade aumentada focada no varejo.
Especialistas acreditam que o Metaverso irá mudar o modo de interação no ambiente virtual. Crédito da arte: Paulo Pessôa Neto.

A plataforma também é apontada como sendo o futuro do e-commerce. Empresas e profissionais do varejo deverão proporcionar aos clientes a visualização do que estão adquirindo de um modo que possam interagir com o produto antes da compra e sem sair de casa. Caio Jahara, fundador e CEO da R2U, empresa de realidade aumentada focada no varejo, fala um pouco sobre o futuro do comércio virtual. “Hoje o usuário está acostumado a comprar em um website, que simplesmente mostra uma imagem. Mas quem oferece a realidade aumentada já faz com que aconteça aquela viralização dos colegas comentando aonde tem realidade aumentada, aonde tem essa experiência. Porém, daqui há poucos anos, ela vai ser obrigatória. Nenhum usuário vai querer comprar em um website que não tenha essa experiência”, comenta. Jahara explica que sua empresa já está se preparada para a nova plataforma. “Hoje a R2U compartilha desse sonho do Metaverso. Estamos ajudando as empresas de varejo a ficarem cada vez mais prontas para ele, porque os clientes da R2U já conseguem experimentar os produtos na casa dele. A gente literalmente transporta virtualmente o objeto em tamanho real para a sala do cliente”.

As interações sociais no Metaverso devem sofrer alterações com o uso da realidade aumentada. Crédito da arte: Paulo Pessôa Neto.

“Você pode falar com o mundo inteiro sem sair de sua casa e isso é uma vantagem. Mas você deixa de ter um bom relacionamento interpessoal com as pessoas que estão próximas a você. As relações sociais foram muito afetadas pelo uso da internet e da comunicação. E com o Metaverso isso só vai se tornar mais significativo.”

Leandro Kovacs, jornalista do site Tecnoblog.

A defesa da plataforma pelo Facebook, fez com que algumas pessoas se questionassem se o projeto do Metaverso seria um jeito da empresa driblar a polêmica dos documentos vazados no dia 23 de outubro de 2021. Os arquivos afirmavam que a rede social ignorava notícias falsas impulsionadas por celebridades, diagnósticos de que a rede social seria nociva aos usuários e até mesmo páginas com redes criminosas de tráfico de armas e de mulheres. Para o jornalista Leandro Kovacs, repórter do site Tecnoblog, a empresa não estaria fazendo apenas uma estratégia de marketing, já que as pesquisas sobre a plataforma já existiam. “Eu não acho que o Metaverso seria uma manobra. A tecnologia já está sendo pesquisada e é uma tendência. Pode ter sido adiantado, mas ela não foi criada para tentar tirar o foco dessas questões do Facebook, ao meu ver”, explica.

Uma certeza é unânime entre os especialistas. O Metaverso deve mudar o futuro das interações sociais e comunicação. “Você pode falar com o mundo inteiro sem sair de sua casa e isso é uma vantagem. Mas você deixa de ter um bom relacionamento interpessoal com as pessoas que estão próximas a você. As relações sociais foram muito afetadas pelo uso da internet e da comunicação. E com o Metaverso isso só vai se tornar mais significativo”, comenta o Kovacs.

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