Leitura crítica dos meios digitais na escola: necessidade para alunos, desafio para professores

Redes sociais engajam os jovens, porém, usá-las diariamente não garante o desenvolvimento de uma postura crítica frente às telas

As interações nas redes sociais registraram um crescimento no período da pandemia, aprofundando as relações mediada por telas. Nesse contexto, as escolas têm sido desafiadas a compreender as condições atuais de ensino.

O relatório Inter-relações Comunicação e Educação no Contexto do Ensino Básico apresenta dados sobre a relação dos professores com as novas tecnologias digitais. Segundo o documento, cerca de 72% dos professores entrevistados relataram que não tiveram contato com esses meios de comunicação durante a sua formação.

Daniela Costa é professora de língua portuguesa, formada em pedagogia e letras. Seu relato confirma os dados: “A falta de formação adequada é um dos motivos que dificultam o uso das novas tecnologias e mídias digitais em sala de aula”.

A investigação, realizada pelo grupo de pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM), da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), aponta tendências sobre os hábitos de consumo de mídia dos jovens.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que o aluno egresso deve ser capaz de se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas fazendo o uso das tecnologias digitais de forma crítica, ética e autônoma. Segundo o documento, embora o espaço digital seja livre e familiar para crianças e adolescentes, a escola deve considerá-lo, pois estar familiarizado e usá-lo não significa saber lidar de forma crítica com os conteúdos recebidos e produzidos na web.

A pesquisadora Maria Iolanda Monteiro, docente do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar, aponta desafios e potencialidades no trabalho com as mídias digitais e seus conteúdos.

“A falta de formação dificulta o uso das novas tecnologias e mídias digitais em sala de aula.”

Daniela Costa, professora de língua portuguesa.

O campo jornalístico-midiático e o desenvolvimento da leitura crítica

A professora Daniela Costa relata como trabalha os assuntos propostos nesse campo. Dentre as questões estão a confiabilidade da informação, disseminação de fake news e manipulação de fatos e opiniões. “Estou trabalhando o gênero textual artigo de opinião. Apresento aos alunos textos contrapondo opiniões sobre alguma situação atual, procuro saber se eles entenderam o texto e destacamos o que é fato e o que é opinião. Depois também peço que apresentem seus posicionamentos em um texto escrito.”

Conforme a BNCC, a língua portuguesa deve trabalhar com o campo jornalístico-midiático, cujos conteúdos podem contribuir para o desenvolvimento da leitura crítica. Maria Iolanda Monteiro faz considerações sobre o trabalho com diferentes gêneros textuais e o desenvolvimento da leitura crítica.

Orientação: Guilherme Cavalho (professor e jornalista).

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