Iniciativa pioneira no Brasil capacita e distribui refeições diariamente

Projeto Escola Cozinha Solidária oferece cursos profissionalizantes e distribui 755 marmitas à população em situação de rua em São Paulo

221.869 pessoas vivem em situação de rua no Brasil, segundo dados publicados em março de 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Na cidade de São Paulo, o número de pessoas em situação de rua cresceu de 24.344 em 2019 para 31.884 em 2021, segundo 2022 da prefeitura de São Paulo, o que representa um aumento de 31% dessa população. Os números mostram uma dura realidade de crise social e de falta de ações afirmativas destinadas a essa população. Em 2020, com a chegada da pandemia do coronavírus, a população em situação de rua teve de enfrentar uma nova realidade.

O cenário impõe uma série de desafios, como a mobilidade, o acesso e o direito à alimentação adequada. O projeto Escola Cozinha Solidária, situado no bairro da Santa Cecília, região central de São Paulo, é uma iniciativa desenvolvida pela ONG Movimento Estadual da População em situação de Rua de SP (MEPSR), junto ao Instituto Bibli, em parceria com a prefeitura da cidade, para tentar combater essa situação. A iniciativa é considerada a primeira na cidade voltada para a capacitação de pessoas em situação de rua e recebeu um aporte de um milhão de reais por meio de uma emenda parlamentar.

A escola produz 755 refeições que são distribuídas diariamente à população em situação de rua, e oferece capacitação profissional aos alunos, por meio dos cursos ministrados no espaço. “Aqui eles podem fazer a comida, aprender na teoria e na prática e servir a própria população de rua”, explica o coordenador do Movimento Estadual da População de Rua da SP, Robson Mendonça. A distribuição é realizada na sede do MEPSR, no centro da cidade de São Paulo. Claudio Santos, vive em situação de rua atualmente e conta com a doação da refeição para se alimentar todos os dias. “Eu estou num abrigo. Eu só fui pegar uma marmita, sou trabalhador, empilhador. Se não fosse o senhor Robson, ninguém estaria comendo aqui”.

Atualmente, a iniciativa conta com oito alunos participantes, que recebem profissionalização por meio das oficinas oferecidas por instituições parceiras, como Sebrae, SENAI e SENAC, como explica Daiane Meurer, coordenadora da escola. “A gente teve dois cursos do Sebrae e do SENAI, introdução das boas práticas da cozinha, redução de danos e técnicas de congelamento. São cursos que eles vão estar com certificado e qualquer empresa em que eles forem trabalhar será um diferencial”.

Ao final do período de seis meses os alunos recebem o certificado. A escola se compromete em ajudar por meio de contatos com instituições que podem absorver a mão de obra qualificada. Com uma cozinha industrial, a equipe conta com a infraestrutura necessária para produzir a demanda e ainda recebem cursos como panificação. Eliane Costa é aluna do projeto e está dedicada a evoluir na nova profissão. “Adoro, fazer os cursos daqui. Não vou nem esperar pegar o certificado, já estou fazendo meus pãezinhos em casa”, aponta.

Orientadora: Karine Moura (professora)

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