Escravidão no Brasil e Auschwitz em cores

Dialogando com a situação atual, em que a apologia ao nazismo tem repercutido com frequência nas redes sociais, as obras do projeto "Faces of Auschwitz" revelam os rostos dos judeus que viveram os horrores nos campos de concentração

Relembrar o passado. Conhecer a história dos nossos antepassados. Trazer à memória fatos cruéis que ocorreram na história da humanidade. Não esquecer o passado para que ele não se repita. Saber a história para gerar debates de qualidade. Essas são algumas das percepções sentidas pelos visitantes que prestigiaram a exposição Faces of Auschwitz e Escravidão no Brasil da artista mineira Marina Amaral. A proposta do projeto da artista é utilizar cores para dar vida a fotografias históricas em preto e branco.

A exposição ocorreu em um momento em que o debate sobre dois acontecimentos tão terríveis da humanidade se faz mais do que necessários. Dialogando com a situação atual, em que a apologia ao nazismo tem repercutido com frequência nas redes sociais, as obras do projeto “Faces of Auschwitz” revelam os rostos dos judeus que viveram os horrores nos campos de concentração. São imagens que trazem à tona um período da humanidade que jamais deve ser esquecido.

Para um dos visitantes, a exposição é uma forma de gerar debates mais qualificados sobre o assunto. “Primeiramente, faz parte da nossa história. Tanto a formação da população negra no Brasil quanto a questão que envolve o nazismo, nós, infelizmente, ainda vemos acontecer. Por isso, são questões que precisam ser elucidadas. Tem muito ainda a se debater sobre essas questões sociais, elas estão no nosso dia a dia. Inclusive, os debates mais recentes deixam isso bem claro. Conhecer o passado e estudar ele é um jeito para que o debate seja qualificado”, conta o servidor público Vinicius Rodrigues.

Além do debate qualificado, trazer à memória faz não esquecer de tudo o que aconteceu, como comenta a estudante de fisioterapia, Natanye Valencio, que visitou a exposição. “É importante sempre estar relembrando para que isso não aconteça de novo. E é através dessa memória que a gente consegue conhecer as histórias dessas pessoas, o que passaram, como morreram”, comenta.

A estudante conta ainda sobre uma das obras ter sido a sua favorita por notar uma semelhança com um dos seus familiares. “Essa foto que está aqui no canto (apontando para a imagem a seguir), é uma pessoa que é muito parecida com meu avô e me marcou porque ele parece muito jovem e me trouxe essa memória dele e consequentemente do que as pessoas passaram. Ele nasceu nessa época, ele viveu esse momento”, finaliza.

Mostrar às gerações futuras os acontecimentos da história do Brasil – como a escravidão – e da Europa – como a Primeira e Segunda Guerras Mundiais – foi o que motivou a funcionária pública Márcia Regina a levar o filho Leonardo Netto para visitar a exposição Faces of Auschwitz e Escravidão no Brasil. Regina, que possui ascendência polonesa e negra, comenta que levou o filho “porque ele gosta muito de história e também porque é bom ele conhecer um pouco da origem da família”, contou.

Outra visitante, a autônoma Maria da Graça, comenta a importância da exposição para as pessoas ficarem bem inteiradas dos acontecimentos históricos e pontua que seria importante além das imagens ter uma contextualização sobre as pessoas ali representadas. “Algumas já conhecia, alguns rostos que estão aí já conheço assim da história, mas outros, não. Gostaria de ter a história para ler, relembrar”, finaliza.

A mostra esteve em exposição no Sesc Paço da Liberdade, em Curitiba (PR), até o dia 13 de fevereiro e reuniu obras de dois projetos mais conhecidos da artista Marina Amaral: Faces of Auschwitz e Escravidão no Brasil. A exposição foi promovida pelo Museu do Holocausto de Curitiba, como parte das comemorações de 10 anos do museu.

Orientação – Marcia Boroski.

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