Ensino bilíngue ou projeto bilingue: entenda a diferença

Demora na regulamentação dificulta clareza nas regras em escolas

É cada vez mais comum a oferta de diferentes propostas pedagógicas para o aprendizado da língua inglesa em escolas da rede particular de ensino. Só na cidade de Curitiba são 18 escolas que oferecem algum tipo de currículo dito bilíngue. A oferta de inglês nas escolas atende a uma demanda crescente de pais que sentem a necessidade de incluir o aprendizado na vida dos filhos desde cedo.

Fabiana Bertoli é professora e mãe de Leonardo, de 5 anos, e conta os motivos de ter matriculado o filho em uma escola bilíngue: “Nos dias de hoje o inglês deixou de ser algo a mais, algo extra na vida e no currículo das pessoas. Eu acredito que ele passou a ser algo obrigatório, algo indispensável e que todos devem ter”.

Elizabeth Favoreto, consultora bilíngue de uma rede de colégios, também ressalta a importância de um aluno que fale duas ou mais línguas. “Educação bilíngue é muito mais do que falar uma língua estrangeira, é a chave de adesão às múltiplas possibilidades sociais e acadêmicas no presente e no futuro”, diz.

Atualmente há uma variedade de propostas nos currículos oferecidos nas escolas. Em boa parte dos casos, o inglês é oferecido com acréscimo na carga horária de aulas, muitas vezes chamado de projeto bilíngue. Em outros, verifica-se uma integração de outras disciplinas sendo ministradas em inglês, o que podemos chamar de ensino bilíngue, de fato.

O Ministério da Educação lançou apenas em 2020 um parecer que ainda aguarda homologação com os requisitos mínimos para regulamentar a atividade. A lei de diretrizes e bases da educação nacional atual assegura apenas que a língua inglesa deve ser ofertada a partir do sexto ano do ensino fundamental, e obrigatoriamente no ensino médio.

Karla Matoso, coordenadora de um projeto bilíngue em uma rede de escolas particulares, sugere que os pais matriculem seus filhos em colégios que já se atentam a certas medidas para que o ensino seja de fato bilíngue. “Os pais têm que ficar atentos porque é importante verificar a carga horária da língua adicional, além da formação e do nível de proficiência linguística dos professores do bilíngue. Também é essencial que a proposta inclua o uso adicional do inglês para o aprendizado de outras disciplinas e não apenas o ensino do idioma em si.”

O maior entrave para as famílias, no entanto, está no custo. Escolas com ensino bilingue geralmente são mais caras, com valores médios próximos de R$ 3 mil. A alternativa são os colégios com projeto bilingue ou as tradicionais escolas de inglês que incrementam o aprendizado.

Regulamentação

Segundo parecer do Ministério da Educação, apenas instituições que ofertem inglês em todas as etapas da educação básica poderão ser nomeadas bilíngues. Escolas com carga horária da língua inglesa estendida ou aulas de inglês já previstas na carga horária mínima, por exemplo, não se enquadrariam nessa nomenclatura. De acordo com o documento, a educação infantil e o ensino fundamental devem abranger de 30 a 50% do total de atividades curriculares em inglês para que se encaixem na regulamentação.

Além disso, os professores devem ter proficiência comprovada em inglês, ter graduação em Pedagogia ou Letras, além de formação complementar em educação bilíngue. O parecer enfatiza que a organização curricular deve incluir disciplinas da base comum, exclusivamente ministradas na segunda língua.

Orientador: Guilherme Carvalho (professor e jornalista).

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