Compostagem: destino certo para resíduos orgânicos

A transformação da matéria orgânica que é capaz de gerar vida

Papéis, cascas de ovo e restos de frutas e vegetais fazem parte dos resíduos de matéria orgânica que comumente geramos em casa. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, anualmente são produzidos 32 milhões de toneladas destes resíduos, o equivalente a 88 mil toneladas de lixo diário. Para a redução deste volume, uma alternativa que está ganhando cada vez mais adeptos é a compostagem.

A bióloga Carolina Erbes explica que a compostagem é conhecida como a reciclagem dos resíduos orgânicos e permite que a matéria orgânica que antes seria descartada, seja transformada através de um processo natural. Por meio deste procedimento, criam-se condições para que microorganismos decompositores, como fungos e bactérias, realizem a transformação dos resíduos em húmus, um material fértil e rico em nutrientes. “Com isso facilitamos a continuidade de um ciclo da natureza. Ao nutrir a terra e retirar dela fertilizante, podemos adubar ainda mais terra e plantar mais vida”, afirma.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2012, o material orgânico corresponde a 52% do volume total de resíduos produzido no Brasil. Carolina esclarece que grande parte desta quantia é destinada aos aterros sanitários, onde não recebem tratamento específico e acabam sendo depositados com os demais resíduos. Um dos maiores problemas da decomposição acontecer nos lixões é a formação de gás metano, altamente nocivo ao meio ambiente.

Pelo processo de compostagem, a decomposição acontece na presença de oxigênio e, portanto, não ocorre a geração de gás metano. O resultado é apenas água e dióxido de carbono, gás 23 vezes menos agressivo para o aquecimento global do que o mencionado anteriormente. Há 20 anos o Brasil já fabrica equipamentos como moinhos, trituradores, silos e esteiras, que permitem a prática a nível industrial, mas engana-se quem pensa que a compostagem só pode ser realizada em grande escala.

Compostagem doméstica

Ao fazer a correta separação das sobras de alimentos, borra de café e até podas de jardim, é possível iniciar sua composteira em casa. A bióloga explica que a compostagem caseira pode ser realizada em caixas ou diretamente sobre o solo, com ou sem minhocas. “A principal diferença de fazer com minhocas é que elas digerem a matéria orgânica, o que acelera o processo, facilitando o trabalho dos micro-organismos”.

Quem mora em casa ou tem alguma área verde disponível, pode facilmente compostar diretamente no solo. Basta fazer um buraco na terra, colocar o material orgânico, sem espalhar muito, e cobrir com matéria seca (folhas, palha ou serragem). Aos poucos essas sobras de alimentos vão se transformar em uma terra escura: adubo. Este adubo pode ser utilizado na sua própria casa e, ao retirá-lo abre-se espaço para mais material orgânico ser decomposto.

Para quem mora em apartamentos, é possível montar sua própria composteira com caixas plásticas ou baldes com tampa. A estudante Chaara Lipszyc, preocupada em reduzir a quantidade de lixo que produz, começou a compostar em casa. “Separamos as cascas de legumes, verduras, ovos e papéis, e descartamos na composteira, onde já tem terra e minhocas. Cobrimos com folhas secas. Depois da transformação dos restos ainda nos beneficiamos do adubo para utilizar em nossa horta”, afirma.

Ao longo do tempo realizando compostagem, a estudante acabou notando uma mudança de hábitos em toda a família: “o maior benefício deste processo é a diminuição do lixo que produzimos para os aterros, mas com o tempo percebemos que o fato de prestar mais atenção na separação dos resíduos, também acabou influenciando nossos hábitos de consumo”.

Para quem não quer, ou não pode fazer casa, uma alternativa é encaminhar o material para alguma iniciativa que faça compostagem. A empresária Maureen Gasparin encontrou em um desses projetos o incentivo que estava faltando. “Eu já tinha ouvido falar em compostagem, mas não tinha espaço nem ânimo para fazer por conta própria. Quando conheci uma empresa que facilitava esse processo, acabei me interessando”.

Ela explica que a empresa que contratou deu todo o suporte, fornecendo um material informativo sobre quais itens poderiam ser utilizados para compostar e disponibilizando um balde de lixo com uma sacola biodegradável para que ela possa fazer a separação dos resíduos. Maureen conta que a empresa recolhe esse material de 15 em 15 dias diretamente na casa dela.

“Não tive dificuldade nenhuma. Pelo contrário me sinto cada vez mais consciente sobre a produção de lixo e emissão de poluentes. Pra completar, mensalmente ainda ganho um brinde da empresa ou o adubo correspondente a compostagem”. 

“Ao nutrir a terra e retirar dela fertilizante, podemos adubar ainda mais terra e plantar mais vida”

Carolina Erbes, bióloga.

Empresas que fazem para você

Composta +  – (PR) Curitiba

compostamais.com

Brotei – (SC) Florianópolis

www.brotei.com.br

K2Agro – (PR) Ponta Grossa

www.k2agro.com.br

Reciclo – (RS) Porto Alegre

www.re-ciclo.net

GRI – (SP) São Paulo

www.grisolvi.com.br

Ciclo Orgânico – (RJ) Rio de Janeiro

www.clicoorganico.com.br

LocMaq – (RO) Porto Velho

www.locmaquinas.com.br

Orientação: Mauri König (professor e jornalista).

Sobre o/a autor/a

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