Cidades pedalam pela sustentabilidade

O uso da bicicleta proporciona sustentabilidade e maior mobilidade

A capital paranaense tem avançado rápido na sua corrida sobre duas rodas. Hoje, a cidade possui 172,9 km de ciclovias, 19,6 km de ciclofaixas em vias calmas e 11,6 km de ciclorrotas, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC).

Apesar dos avanços, os números de Curitiba ainda estão longe daqueles de Paris, que anunciou investimentos bilionários para se tornar uma cidade 100% ciclável até 2026. A ideia é que o cidadão francês não precise mais de 15 minutos para ter acesso ao trabalho, a serviços, parques e lazer.

A bicicleta não é mero modismo, ela reduz a poluição ambiental, não emite gases poluentes do efeito estufa, além de ser um meio de transporte que contribui para o desenvolvimento sustentável. Na visão de Chris Carlsson, historiador e viajante pelo mundo, “pedalar é um ato político”.

Em 2019, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou projeto de Lei que atribui o título de “Cidade Amiga da Bicicleta” a municípios do estado que fomentem essa modalidade de transporte. Já receberam o título as cidades de Paranaguá, Marechal Cândido Rondon e União da Vitória.

A iniciativa de autoria dos deputados Goura (PDT) e Hussein Bakri (PSD), além do ex-deputado Elio Rusch (DEM), confere a honraria aos municípios em que a utilização da bicicleta é visto como um meio de transporte e que incentive o uso da mobilidade sustentável.

Ciclistas passeia perto da Praça da Bastilha em Paris. Foto: prefeitura de Paris.

“Temos que ter políticas públicas efetivas para a bicicleta no Paraná e a nova lei vai colaborar para que isso aconteça”, explica Goura. Além disso, no contexto atual o uso desse meio de transporte é uma alternativa para o enfrentamento do coronavírus, evitando aglomerações no transporte público.

Erlon Ricardo Bernardino é diretor de fotografia, ciclista e integrante do grupo “Pedal Alto da XV”. Ele utiliza a bicicleta duas vezes por semana, nas quartas-feiras e nos sábados para passeios na cidade ou região metropolitana. Em média, ele percorre entre 40 e 65 quilômetros de distância nesses dias.

Além dos benefícios para o condicionamento físico, Bernardino elogia o estado e a manutenção das ciclovias e ciclo-faixas. “Eu, que moro na Vila Oficinas, sou bem atendido de casa até o trabalho ou até mesmo em algum parque da cidade. Na região que eu uso, estão em ótimas condições e bem sinalizadas”, afirma.

172,9 km

de ciclovias em Curitiba.

A distância entre a residência de Bernardino e do seu local de trabalho, na região central de Curitiba, é de 8 quilômetros. Já Natalina Pereira Gomes, moradora da Cidade Industrial de Curitiba, fala sobre os benefícios do uso do modal: “Além de ser bom para a saúde, alivia o estresse”, afirma.

Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, 142 ciclistas perderam a vida no trânsito no Paraná em 2019, uma queda de 7% em comparação ao ano anterior. Na capital paranaense, também houve diminuição de 22% nos índices de mortalidade de ciclistas em vias públicas. Foram 14 vítimas em 2019, contra 18 no ano anterior.

Anjo conecta ciclistas

A Ong Bike Anjo é uma comunidade de ciclistas e através da bicicleta incentiva e ajuda pessoas a começarem a utilizar esse meio de transporte nas cidades, promovendo transformação social e gerando melhorias nos espaços urbanos. O projeto surgiu em 2010 na cidade de São Paulo, para trazer novos ciclistas para as ruas, otimizar o tempo de deslocamento da cidade e um trânsito mais humano.

Ciclovia na Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres). Foto: Cesar Brustolin/SMCS.

A Bike Anjo funciona como uma plataforma e interliga pessoas que querem aprender a andar de bicicletas, dicas e tirar dúvidas. A comunidade, que acredita na transformação por meio da bicicleta, já marca presença em 38 países e 822 cidades do mundo. No Brasil, são 1.600 Bike Anjos participantes, em mais de 250 cidades. Em Curitiba, são cerca de 170 Bike Anjos cadastrados na plataforma www.bikeanjo.org.br.

“A gente tinha vários cicloativistas na cidade que se juntavam em um movimento chamado bicicletada, ou massa crítica. Conversando com outras pessoas, percebi que a gente poderia ajudar a pelo menos levá-las ao seu trabalho, fazer esse deslocamento junto, acompanhá-las no trânsito. Entre nós, isso virou o apelido de bike anjo”, explica o idealizador do movimento, João Paulo Amaral.

Na iniciativa também é possível participar das Escolas Bike Anjo (EBAs), que são oficinas gratuitas organizadas por grupos de anjos em determinado município. Há data, hora e local para acontecer. Em Curitiba, a Escola Bike Anjo ocorre no primeiro domingo de cada mês, entre 9h30 e 12h30, na Praça Nossa Senhora de Salete, no estacionamento do Palácio das Araucárias, no Centro Cívico.

O Bike Anjo também participa de campanhas como o Dia Mundial sem Carro, comemorado em setembro e que mobiliza a população a não usar automóveis e adotar meios de transporte sustentáveis. Participa ainda do Bike to Work Day, evento anual que acontece no mês de maio, que se propõe a incentivar o uso da bicicleta para as pessoas irem ao trabalho.

“A gente tinha vários cicloativistas na cidade que se juntavam em um movimento chamado bicicletada, ou massa crítica. Conversando com outras pessoas, percebi que a gente poderia ajudar a pelo menos levá-las ao seu trabalho, fazer esse deslocamento junto, acompanhá-las no trânsito. Entre nós, isso virou o apelido de bike anjo.”

João Paulo Amaral, idealizador do movimento Bike Anjo.

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