A produtora rural e técnica em agropecuária Luciely Jozwiak temia que a seca afetasse a lavoura de soja na cidade de Lapa, Região Metropolitana de Curitiba, na safra 2020/21. Mas foi o excesso de chuva nos primeiros meses do ano que prejudicou a produção da região. “Tudo depende da época de plantio, mas a gente e a maioria dos produtores produziram bem. Claro que perdeu um pouco de produtividade mais pela chuva em excesso no mês de janeiro do que seca”, conta a técnica.
A situação da família Jozwiak é o retrato dos produtores de grãos no Paraná. De acordo com o relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Paraná deve produzir 38,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/2021, 6% a menos que na safra passada. A produção de soja deve ter uma redução de 5%, com a estimativa para uma safra de 19,8 milhões de toneladas.
O 9.º levantamento de Safra 2020/21 produzido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) conta que as lavouras de soja foram prejudicadas no Paraná pelo excesso de chuva, mas, em fevereiro, melhorou a produtividade e só em março a escassez de chuva afetou a produção. “Muita chuva também é prejudicial, nenhum dos extremos é bom. Nessa safra teve algumas variedades que perdeu a produtividade por conta da chuva, daí entram muitas doenças e pela doença que perdeu a produtividade, mas em alguns casos, porque a maioria dos produtores produziu bem”, explica Luciely.
Nos últimos dois anos, o estado teve que lidar com a estiagem que afetou toda região. Em 2020, a produção de grãos chegou a mais de 41 milhões, aumento de cinco milhões em comparação à safra 2018/2019. Para o engenheiro agrônomo Daniel Ricardo da Silva, no ano passado houve uma regularidade pluviométrica que favoreceu as plantações e, apesar da chuva ser pouca, aconteceu durante a parte vegetativa da planta.
Para o Deral, as chuvas irregulares trouxeram consequências às produções de milho no Paraná. A previsão de redução chega a 13,4% comparado ao ciclo anterior. No Brasil, também se espera uma queda de 6%, com produção estimada de 96,4 milhões de toneladas. Segundo o relatório da Conab, “o atraso das chuvas interferiu no planejamento da produção das lavouras do milho primeira safra, ocorrendo mudanças para a soja como também a decisão de transferir o plantio do cereal para o período da segunda safra”. Mas o milho de segunda safra na região sul do Brasil pode ser afetado pelas massas de ar frio que ganharam força. “O frio é uma das preocupações para a segunda safra deste ano. Com o plantio tardio, também consequência da irregularidade climática, o risco de geada aumentou de forma significativa e pode impactar ainda mais os números”, aponta o relatório.
Orientação: Karine Moura Vieira (professora).