Ode aos professores

Educar, em qualquer área, sem dúvida passa por se educar. Aprender a também ouvir e, por vezes, a calar

A primeira vez que me chamaram de maestra levei dez segundos para perceber que era comigo. Tradicionalmente chamamos regentes de maestro ou maestra, mas comumente esse título é, também, associado a grandes professores de música, afinal, maestro em italiano significa professor.

Eu tenho muito cuidado com essa palavra – maestra(o). Acho muito simbólico carregar no nome da profissão esse significado, mesmo que eu trabalhe regularmente como professora e que ensaios musicais tenham teor explicativo. Educadores precisam ser respeitados, e eu resistia a ser chamada de maestra, por achar esse título grandioso.

Depois de um tempo percebi que seria bobagem me opor, ensinar faz parte do meu trabalho. Sigo achando que precisamos honrar todos os profissionais de ensino, de todas as áreas, mas também é muito importante nos aproximarmos deles, e enquanto tratamos maestros como figuras muito distantes de nós, perderemos a chance de aprender com eles.

Músicos/maestros – educadores

A maioria dos músicos que eu conheço trabalha dando aulas. Na música temos professores de diversas ordens. De musicalizadores a professores universitários, várias são as especialidades, mas a mais comum é a do professor de instrumento ou de canto.

Muita gente quer ter um hobbie e gostaria de aprender a tocar violão. Os pais de uma criança pesquisaram que aprender piano faz bem à cognição e a matriculam em aulas. Pode acontecer de um senhor gostar muito de cantar e decidir que quer aprender mais a respeito. Durante a adolescência muita gente quer ter uma banda. Inúmeras motivações levam pessoas a aprender música. Alguns, como eu, decidem fazer isso profissionalmente, outros decidem ter isso como parte da vida e, independentemente da escolha, a maioria passa por professores que, geralmente, acompanham o processo de aprendizado por um longo período.

Eu tive o mesmo professor de violão por cinco anos. Ele acompanhou a minha adolescência, construiu comigo a base do que sei sobre violão e sobre música. Ele, inclusive, me ensinou a dar aulas, me incentivou a fazer isso, dizia que ensinando aprendemos ainda mais.

Hoje eu tenho alunas com quem construí uma relação semelhante. Estão comigo há mais de três anos. Eu as vi mudar, crescer, amadurecer. Criamos intimidade, num local seguro e acolhedor, onde além da troca musical há um processo de afeto e de educação.

Ser um educador, acompanhando uma jornada longa de alguém, é uma responsabilidade enorme. Assistir semanalmente um desenvolvimento é caminhar junto, respeitando o tempo, o limite e as outras prioridades do educando. É preciso ter a sensibilidade de perceber o espaço que a música pode ocupar na vida daquela pessoa.

Educar, em qualquer área, sem dúvida passa por se educar. Aprender a também ouvir e, por vezes, a calar. E que orgulho sinto quando ouço algum aluno tocar e percebo que não tenho nada a dizer.

Agradeço a todos os professores e professoras que acompanharam e acompanham minha jornada musical. Agradeço também a todos que confiam seu aprendizado a mim, os passos que damos juntos ensinam todos nós.

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