Qual foi o melhor show da sua vida?
Sete personalidades de Curitiba falam das apresentações de cantores e bandas que estão gravadas em suas memórias e no coração

Todo mundo tem um show que marcou a vida, até porque em alguma medida todos temos uma relação afetiva com a música. Mesmo quando não nos damos conta, ela está lá, pode ser na lembrança de uma canção de ninar, no hit que embalou um namoro, na trilha sonora de um filme, ou quando nos flagramos cantarolando no elevador.
É difícil se contentar em apenas ouvir as músicas preferidas, o fã quer mais, precisa conferir ao vivo o trabalho de artistas ou daquela banda que ocupa o lugar de ídolo na playlist de sua história pessoal. Levando isso em conta, e ainda que curiosidade pouca é bobagem, perguntamos a sete curitibanos qual foi o melhor show que rolou na cidade. Confira as respostas para relembrar a passagem de grandes talentos por aqui, enquanto você também pensa qual foi “o melhor show da sua vida”.
David Bowie, por Fabio Elias
Músicos geralmente não deixam passar a chance de ver grandes artistas, apesar da agenda que dificulta em muito estar com alguma noite livre. E o show mais emocionante a que Fabio Elias, vocalista e guitarrista da banda Relespública, assistiu em Curitiba foi o de ninguém menos que David Bowie. Segundo ele, foi inesquecível ver o camaleão do rock ao vivo na Pedreira Paulo Leminski, em 1997.
“Na noite anterior, eu encontrei a banda no bar Dromedário, tomamos umas cervejas e fizemos amizade; no dia seguinte ganhei uma credencial para assistir ao show no palco se quisesse, mas preferi ficar no meio da galera perto da house mix, onde o som é melhor. Bowie abriu com “The Jean Genie” uma de minhas faixas preferidas dele, que estava lançando o álbum “Earthling”, com forte influência da música eletrônica dos anos 90″, conta Elias.
Chico Science & Nação Zumbi, por Verginia Grando
Quem acompanha a carreira da escritora e diretora de cena Verginia Grando nota uma relação forte com a música. Na verdade, conforme ela conta, não é algo exclusivo de suas obras, tanto que aulas de canto agora fazem parte da agenda da autora (que está morando ora em Curitiba, ora no México).
Dito isso, são muitos shows, mas muitos mesmo, na lista dela de memoráveis. (A ideia era falar só de um evento, contudo ela foi buscando na memória a lista e não dá para deixar de registrar que ela esteve na Pedreira Paulo Leminski, em 1999, quando subiram no palco Gilberto Gil, Elba Ramalho e Rita Lee, além dos Monges Cantores do Mosteiro de Drepung, da Índia, em concerto homenageando 14º dalai-lama, Tenzin Gyatso, que também esteve por ali.)
Vamos à escolha de Grando como o mais marcante que assistiu: Chico Science & Nação Zumbi. E não foi qualquer show deles, foi o que rolou no Aeroanta meses antes da banda conquistar fama meteórica, lá no início dos anos 90. Quem abriu a noite foi Mestre Ambrósio. “Eu fui por causa de uma amiga e tinha pouquíssima gente, ninguém conhecia o Chico Science ainda; me impactou ver ele cantando, a expressão no palco, e o mais legal foi que uma galera foi embora no final, e ele, o Chico, veio e ficou dançando com a gente, com quem ainda estava ali”, fala a autora.

Flora Matos, por Dpaula
A escolha de Francine de Paula, artista mais conhecida como Dpaula no mundo da arte urbana dos grafites, foi o show da rapper brasiliense Flora Matos. A cantora passou por Curitiba em junho deste ano, durante o festival Souldelas.
“Foi o melhor show porque, em primeiro lugar, o festival só teve mulheres cantando, isso precisa acontecer mais vezes porque geralmente as lineups dos eventos só trazem homens; segundo, porque as músicas da Flora Matos ‘batem’ com a minha vivência, com o meu dia a dia”, diz a grafiteira.
Coldplay, por Aly Muritiba
É meio chover no molhado falar que Curitiba está se tornando destino certo em turnês de grandes astros da música. Entretanto, a gente invocou esse comentário para destacar a escolha de uma estrela, só que uma estrela do cinema, o Aly Muritiba. Ele foi quem dirigiu “Deserto Particular”, filme que ganhou o prêmio do público no Festival de Veneza e quase concorreu ao Oscar em 2022; é o diretor geral da “Cidade de Deus”, trabalho dividido com o curitibano Bruno Costa; e também assina como diretor em “Cangaço Novo”, ao lado de Fábio Mendonça.
Para não transformar a história em um longa-metragem, Muritiba falou sobre um desses shows que atiçou a galera ligada em concertos dos ídolos internacionais do pop rock que desembarcam no Brasil. A cena principal de sua história com shows tem em primeiro plano os britânicos do Coldplay. “O melhor show que fui em Curitiba foi o do Coldplay, no Couto Pereira, em maio deste ano; a banda entregou tudo!”, diz o cineasta.
Bethânia, por Uyara Torrente
A vocalista da curitibana A Banda Mais Bonita da Cidade e cantora solo Uyara Torrente soltou um “uau”, ao ser pega de surpresa pela pergunta sobre o melhor show em Curitiba. A cidade já recebeu muita coisa linda, então a escolha é uma “tarefa difícil”, segundo ela que elegeu como apresentação mais emocionante a de Maria Bethânia, no Guairão. A motivação vem da loucura pelos “Doces Bárbaros”, banda com Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso – e, desses, na época, ela só não tinha visto Bethânia ao vivo.
“Ganhei o ingresso de última hora e fui; uma coisa mágica acontece quando Bethânia entra no palco, ela estava tão consciente de sua grandeza e preenchia o espaço todo com sua voz, com sua força, enquanto eu transbordava em lágrimas pelas memórias de infância, da minha cidade e dos meus pais”, fala a cantora.
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Bjork, por Gabriel Castro
O ator e criador da padaria “O pão que o viado amassou” foi buscar uma diva num festival de música alternativa, indie, eletrônica, rock e jazz, que rolou na Pedreira Paulo Leminski, em 2008. O lineup causa inveja até hoje, porque não dá para voltar no tempo e vamos combinar que dificilmente tantos talentos internacionais vão marcar de brilhar por aqui novamente juntinhos. A gente está falando de Arctic Monkeys, Björk, Hot Chip e The Killers, quarteto que veio à cidade numa tacada só para o delírio do público curitibano.
A preferida de Castro no festival e nas histórias de shows ao longo da vida foi Björk. “Ela veio com orquestra de sopro da Islândia, fez uma entrada lindíssima, se esforçava para dizer obrigada em português, entregou sucessos antigos e as novidades do álbum “Earth Intruders”; foi engraçado que todo mundo lá esperando The Killers, eram poucos os emocionados com a Björk como eu”, lembra o ator e empresário.
De Tim Maia a Toy Dolls, por Rodrigo Barros Del Rei
Se perguntarmos a quantas apresentações musicais Rodrigo Barros Del Rei assistiu, o número vai ser gigante. O músico, cantor e compositor, mais conhecido como Rodrigão e que esteve à frente da banda curitibana Beijo AA Força, conta que já viu mais de mil shows na cidade.
O pedido por escolher só um evento como o melhor não foi atendido. Bom, com tantas lembranças na bagagem, a gente entende e aceita, principalmente porque ele fez questão de listar alguns sensacionais entre os que desembarcaram na cidade durante a época em que a casa Aeroanta esteve com as portas abertas. “The Toy Dolls, Eric Burdon, Chico Science, Mestre Ambrósio e Tim Maia foram os principais; eu nunca gostei de megashows, sempre preferi locais médios, então não cito shows na Pedreira que – apesar de bons – têm o empenho do tamanho e da chatice de ir e vir do local”, confessa o músico.
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