Santa Catarina, esse meu estado, tem sido o campeão da bizarrice nessa pandemia. A última é o plano de retorno às aulas na rede estadual. Nas regiões em que o mapa estiver amarelo, ainda neste ano voltam para a sala de aula os alunos com retardo no aprendizado, os gazeteiros e os sem internet. Não tem opção de escolha. É… aluno bom de nota pode ficar em casa, seguindo aulas online, ou quem sabe já comemorando passagem de ano.
Riscos da quebra do isolamento e contágio por coronavírus só para aluno com problemas de aprendizado e professor mal pago. Um modelito “novo normal” de meritocracia, onde os bons têm mais chance.
Ah, aqui o governador sofre não só um, mas dois processos de impeachment simultâneos. Primeiro porque aumentou os ganhos dos procuradores do Estado sem pedir licença à Assembleia Legislativa, e, em segundo plano, porque seu governo comprou 200 respiradores para pacientes de Covid em UTI, pagando R$ 33 milhões adiantados a uma empresa que não deu garantia de entrega e que entregou os primeiros 50 respiradores que não servem para o fim contratado.
Carlos Moisés, bombeiro da reserva, está pagando o preço de se eleger governador na onda do fenômeno 17 (PST), desbancando a oligarquia dominante e não entendendo bulhufas das mazelas políticas. Está tendo que explicar, também, por que a instalação de um hospital de campanha licitado para Itajaí acabou suspensa ainda nos tempos de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, por custar 100% mais caro que os hospitais similares abertos em outros estados.
Mas Itajaí é a cidade da notícia mais ruidosa desta pandemia. Ah, se é!!! O prefeito, Volnei Morastoni, (médico, MDB), que já tinha adotado a controversa Ivermectina no protocolo de tratamento dos doentes de Covid, inova ainda mais determinando uso de ozônio via retal nos pacientes. Foi um auê internacional. Não há grupo de família que não tenha se deliciado com piadas a respeito. E, convenhamos, que fixação temos por assuntos relacionados ao dito cujo.
O bom disso tudo é que você pode mandar alguém, elegantemente, para Itajaí ao invés de recorrer a termo mais chulo.
Também ri muito das piadas geradas. A melhor delas, uma de uma situação em ambiente médico em que o paciente não consegue mais ficar acomodado na maca: “Doutor, minha bunda está levitando!”, clama por ajuda. E o médico, com expressão de impotência:
“Ih, exagerei na dose!”
A bizarrice de Santa começou a despontar quando, depois de reconhecidas regras severas para impedir a proliferação do vírus, o governo de SC flexibilizou, por livre e espontânea pressão econômica, ainda lá em julho, autorizando shoppings a voltar à vida normal. Pronto! A abertura de um shopping em Blumenau viralizou com um monte de idosos adentrando no local, recepcionados por um saxofonista a tocar bela canção. Nada contra os saxofonistas – que admiro pacas -, mas o que me veio à cabeça foi a hora que o tocador de instrumento do gênero tem que tirar o bocal e bater em qualquer coisa para se livrar da cusparada que se armazena naqueles dutos durante a execução. Podia ser um violino, um celo… Podia, não?
Reportagens depois mostraram que shopping aberto – não necessariamente saxofone tocado – pode ter sido um erro. Os casos de Covid aumentaram consideravelmente.
Mas SC ainda rende espaço no noticiário das esquisitices. Uma moradora de Curitibanos botou a boca no mundo depois de ser multada em R$ 274 por alimentar cachorros de rua. Lá a proibição é lei, mas pegou mal e está sendo revista. Acabou? tchan, tchan, tchan… Não. A Câmara de Vereadores de Penha aprova projeto de lei com multa de R$ 23 mil a quem deixar seu cão latir no quintal. O projeto do vereador Everaldo Dal Posso (PL) foi aprovado por unanimidade pelos colegas. Depois alegaram não saber o que estavam votando. O prefeito, Aquiles da Costa (MDB), não sancionou. Ufa!!!
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