Afinal, qual o problema de usar máscara? E de fiscalizar seu uso?

Filas de banco, ruas cheias, bares com mesas nas calçadas, tudo com um número significativo de pessoas sem máscara ou com o nariz de fora

Apesar de obrigatório no Paraná desde abril, o uso da máscara para a prevenção da Covid-19 nunca funcionou direito. Na região de Curitiba, pelo menos. Discussões, recusas, violência física e até morte já ocorreram porque alguns simplesmente não aceitam que para se proteger e proteger os demais devem usar aquela peça que cobre o nariz e a boca.

A Lei Ordinária n.º 20.189, de 28 de abril de 2020, do estado do Paraná, estabelece a obrigatoriedade do uso de máscara pela população nos espaços abertos ao público ou de uso coletivo. Combinada com as sinalizações municipais, com bandeiras de cores amarela, laranja e vermelha, a obrigatoriedade se mantém, mas o descumprimento parece que só aumenta.

Estabelecimentos comerciais, que só podem funcionar com protocolos rígidos de segurança e higiene, como shoppings e supermercados, parecem ter um pouco mais de sucesso na cobrança ao uso da máscara. Mas prestadores de serviços, como as academias de ginástica e os salões de beleza enfrentam dificuldades sérias. Sempre aparecem os renitentes, com a máscara abaixo do nariz ou mesmo no queixo. E é tão mais cômodo fingir que não se vê…

Eu mesma fiz uma queixa por escrito à academia que frequento, cobrando atitude mais dura em relação ao controle. Se a abertura foi permitida pela prefeitura em razão da existência de um protocolo, ele precisa ser cumprido. E não cabe a mim, cliente, a tarefa de cobrar ao senhor que se recusa a manter nariz e boca cobertos que use o dispositivo corretamente. Vá que seja um desembargador como aquele de São Paulo!

Filas de banco, ruas cheias, bares com mesas nas calçadas, tudo com um número significativo de pessoas sem máscara ou com o nariz de fora. Vejo isso todos os dias em que por força do trabalho preciso sair de casa. Mas, afinal, o que leva as pessoas a negligenciar um cuidado que a ciência já comprovou que, combinado com higiene e distanciamento, é tão eficiente contra a transmissão do ameaçador novo coronavírus?

Nos Estados Unidos, onde o problema não é menor do que aqui, pesquisas constataram que os homens são os que mais resistem ao uso da máscara. Valerio Capraro, professor sênior de Economia na Middlesex University, e a matemática canadense Hélène Barcelo, do Mathematical Science Research Institute de Berkeley, entrevistaram em julho cerca de 2,5 mil pessoas. Além de descobrirem que os homens são menos inclinados a usar máscaras do que as mulheres, também constataram que para muitos desses que se recusam, vestir uma máscara era “vergonhoso e um sinal de fraqueza”.

Ainda em julho, outra pesquisa norte-americana, essa do Gallup, apurou que 34% dos homens em comparação com 54% das mulheres responderam que “sempre” usaram uma máscara fora de casa e que 20% dos homens disseram que “nunca” usaram uma máscara fora de casa (em comparação com apenas 8% das mulheres). De lá para cá, a situação parece a mesma.

Mas seja qual for o sexo mais resistente ao uso da máscara, acho que cabe a pergunta: será que a fiscalização nas ruas e outros espaços públicos não deveria ser feita de fato? Será que o poder público aqui da nossa terrinha deve continuar lavando as mãos? Vamos continuar deixando na consciência de cada um?

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