A hora e a vez do volume e da quantidade – de lixo

Liége Fuentes desafia anunciantes digitais e centrais telefônicas a decifrarem o que move mulheres bem-vividas, resolvidas e com poder de compra a acertarem perfil e personalidade a ponto de merecerem um minuto de atenção

Vai dizer a um(a) jornalista que a pauta é aberta e pode escrever sobre o que lhe interessar! Pois esta jornalista aqui, que há muitos bons anos transita em outros ambientes, cenários e universos fora das redações, letras, pautas, investigações e deadlines tem mesmo temas à exaustão pra escrever. Todos morrem nas primeiras sinapses, relegados à dúvida de serem importantes somente pra mim rsrsrs…. Mas, em se tratando do Plural, a vontade de encarar o desafio sempre vence! Aqui vamos nós então.

Retomo o tema que as cobras Martha Feldens, Duca Batiston e Rosemeiry Tardivo, providencialmente, apontaram seus óculos observadores para abordagens e tropeços de quem ainda não aprendeu a lidar com a geração 60+ e só a vê como alvo de toda sorte de golpes, tratos invasivos e infantilizados, além de considerar como público perfeito para seguros de vida e de saúde com ilusórios descontos, consórcios, raspadinhas, jogos de azar e, sim, muitos empréstimos consignados. Ai ai…, me falta paciência.

Ainda sou da geração 50+ (tá quase acabando a conta…), mas a contragosto e sem permissão integro, sem saber como e por que, dezenas de mailings, listas de spam, de WhatsApp com propagandas lixo puro. Todas com altas doses de ofertas dos mais variados matizes, desde empréstimos consignados (nem me aposentei ainda e já têm meu telefone!), opções de consórcio, venda indireta de óculos da China, até a chuva de e-mails de toda sorte de potencializadores e turbinadores da libido, gel estimulante revolucionário, pílulas infalíveis…. ai meu ‘saco’ que não tenho!!

É nulo o esforço de desaparecer de todos esses mailings, me descadastrando uma a uma dessas listas intermináveis, que só aceitam a exclusão depois de responder o motivo de tal decisão, com alternativas de respostas nada diretas ao ponto. Em geral as opções são: recebo mais mensagens do que gostaria, mudar para uma vez por semana e assim vai… Nada do tipo é spam e não me cadastrei. Inútil trabalho. Paciente me descadastro e, minuto seguinte, lá está o mesmo email em dezenas de outras listas de mailings pagos que vivem de encher sua caixa postal de tolices.

Fora do ambiente virtual, lá estão as chamadas telefônicas indevidas de “bancos” oficiais com suas facilidades prisioneiras de crédito consignado, que derrotam meu NÃO quero todos os dias. É impossível me livrar disso nesta era de dados fluidos, privacidade nunca e respeito zero ao cidadão.

Ok, meu nome, Liége, deve ser de gênero indecifrável para algorítmos e máquinas geradoras de dados que apostam literalmente em volume e quantidade de spam para vender ‘felicidade’, com dinheiro emprestado e prazer em géis e pílulas em tempos de pandemia.  Falta muita inteligência ainda para esses robôs acertarem o alvo com algo que, de fato, possa ser relevante para uma geração que está longe de ter a desenvoltura sexual, o dinheiro e as oportunidades ‘fáceis’ como únicos motores de interesse.

Alôoo anunciantes digitais, centrais telefônicas e que tais! Desafio todos vocês a decifrarem o que move mulheres bem-vividas, resolvidas, realizadas, curiosas, perspicazes e com poder de compra a acertarem perfil e personalidade a ponto de merecerem, de fato, um minuto de atenção. Se acertarem, prometo que compro o que me ofertarem!

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