Roberto Requião (MDB) é o candidato de Schröedinger nas eleições deste ano em Curitiba. Até abrir a convenção de seu partido, ele está e não está na disputa pela prefeitura.
Numa semana, Requião almoça com o diretor de um instituto de pesquisas e supostamente pede para que incluam seu nome na disputa. O gato está vivo.
Na outra, seu filho publica um artigo dizendo que Requião jamais se lançou candidato e que são outros que o fazem por ele. Nada de aventuras eleitorais. O gato está morto.
Por enquanto, ele se resume a dizer o que todo político diz: será candidato se pedirem. No vocabulário de outros, seria a tal voz das ruas. No caso de Requião, até ele diz meio sorridente: “Me chama que eu vou”.
Em entrevista ao Plural por telefone, o ex-governador dá sua versão para os fatos.
“O Murilo Hidalgo me chama para almoçar e diz que meu nome vai extraordinariamente bem nas pesquisas. E há uma pressão para que eu saia candidato”, diz ele. É só. Será?
A pressão, segundo ele, vem de movimentos sociais e de partidos de oposição a Rafael Greca (DEM).
Greca, aliás, que já foi seu candidato a prefeito em 2012. Requião diz que não se arrepende. “O homem é ele e as suas circunstâncias”, diz, atribuindo a frase (erradamente) a Camus.
“Se eu fosse prefeito, eu chamava o Greca para ser superintendente de recapeamento de asfalto. Mas tem que fazer na periferia também, não só no centro”, diz.
Segundo Requião, Greca faz “com menos brilho” o mesmo que seu eterno desafeto, Jaime Lerner, fez na prefeitura. “Ficam recapando as mesmas ruas do Batel e do Bigorrilho”, afirma, dizendo que está a caminho da academia de ginástica e que a rua por onde passa agora “estava boa, mas refizeram”.
“A resposta que você quer é a seguinte: eu tenho um dever com Curitiba, e quero que a cidade tenha um bom prefeito, que seja firme, que conheça a história. E tem essa pressão. Se insistirem, acho que eu não recusaria”, afirma.
E a saúde, permite? Afinal, na campanha de 2018, para o Senado, o próprio senador diz que mal conseguiu sair de casa. E um dia depois da derrota partia para uma cirurgia. “Isso está superado. Mas verdade, mal pude sair de casa.”
A derrota, no entanto, ele não atribui a isso. “Nem adiantava ter saído de casa. Quando vem uma onda dessas, ninguém segura.”
A prefeitura, por enquanto, continua sendo um mero tema de debate remoto. Uma especulação, que nem seria dele. De prático, mesmo, Requião diz que vai fazendo política pelo país e via redes sociais.
E, claro, aos 78 anos, vai cuidando da saúde. Por isso precisa desligar: chegou na academia.