Um Supremo acovardado

Não é difícil perceber que o Supremo decidiu manter Lula preso por medo

Não é difícil reconhecer o principal impulso que guiou a decisão do Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira: o medo. A prisão de Lula se tornou um símbolo importante para gente que hoje consegue manter acuada toda a República. Quem se opuser pode desmoronar imediatamente.

A causa em favor da libertação de Lula é razoavelmente simples de entender – isso para uma criança. Para um ministro de Suprema Corte, deveria ser a coisa mais evidente do mundo. Se o juiz agiu como acusador, se há indícios graves – gravíssimos – de que ele não foi imparcial, é evidente que o caso clama por nulidade.

E não por ser Lula. Fosse quem fosse. O Estado de Direito não pode conviver com um juiz que indica testemunhas, escolhe procuradores para participar da audiência e blinda possíveis réus porque podem ser “aliados” na perseguição àqueles que quer prender.

Mas Sergio Moro ganhou imunidade. Não por ser ministro, e sim por ter combatido o petismo, que no discurso comprado por quem manda no país, é a raiz de todos os males da Nação. Ao vitorioso contra esse monstro, tudo é concedido. A seus inimigos, todo o mal.

O antipetismo se tornou tão furioso que hoje nem Moro ousaria se opor a ele, caso quisesse. Lula tinha razão ao dizer em seu depoimento que Moro não tinha condições de absolvê-lo. Era tarde demais àquela altura.

Lula também tinha razão num diálogo seu gravado já depois da queda de Dilma quando dizia que via “um Supremo acovardado”, sem tomar as decisões necessárias. É verdade.

Sergio Moro não precisa ir ao Supremo. Não precisa da vaga quando ela surgir. Ele já manda mais na Corte do que os 11 ministros que lá estão. E por isso Lula permanecerá preso. Dane-se se o processo foi justo ou não.

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