No sábado que passou (13), soubemos oficialmente pela secretária de Saúde de Curitiba que a situação da epidemia de Covid na cidade é dramática. Mortes todo dia, casos às dezenas, curva crescente. Era preciso fazer alguma coisa: passamos para a tal bandeira laranja, que previa fechamento de várias atividades.
Todos os jornalistas da cidade foram conferir o que fechava na bandeira laranja (mentira, claro, tem gente que jamais se disporia a checar uma informação oficial). Era fácil, a própria prefs havia distribuído a tabela. E estava lá: deveriam fechar igrejas, bares, academias e… shoppings.
Já na hora, Marcia Huçulak disse que os shoppings não fechariam. A explicação era meio confusa: aparentemente os donos de shoppings foram bons meninos e iam ganhar um presente de Natal antecipado.
Os donos de academia sentiram que havia espaço para manobra. Que a prefeitura que vem sendo tigrona com os curitibanos comuns (quem não lembra da secretária gritando: Tá Proibido! Será que Assim vocês entendem???) virou tchutchuca com os grandes empresários. Amarelou.
Numa reunião, menos de 48 horas depois de um protesto em frente à casa do prefeito, Greca decidiu que os donos de academia também tinham escovado os dentes direitinho, trataram bem a irmãzinha e não fizeram xixi na cama. Podiam abrir normalmente!
É evidente que os donos de bares já sabiam o que fazer: basta reclamar e serão atendidos. A prefeitura de Rafael Greca se tornou uma grande Porta da Esperança em que todos aqueles com rendimento mensal acima de R$ 50 mil serão atendidos.
Porque evidentemente o surto de bondades não vale para todo mundo. Ou se eu pedir para cancelar meu IPTU o prefeito vai deixar tudo de graça?
A bandeira laranja não serviu de nada. Tudo continuará aberto porque o prefeito, em ano de reeleição, está se comportando como um Papai Noel que presenteia todo o empresariado com lucro fácil – e os curitibanos com um aumento de mortes daqui até a eleição.