As novas conversas entre Sergio Moro e os procuradores da força tarefa reveladas pela revista Veja nesta sexta-feira seriam, por si sós, suficientes para mostrar que o antigo juiz maculou a Lava Jato, desrespeitou a lei, o código de ética da Magistratura e atuou como chefe da acusação. Mais uma vez, Moro e o coordenador de sua força-tarefa, Deltan Dallagnol, se recusaram a comentar as mensagens.
Nas mensagens, há de tudo. Moro avisa a Deltan para não perder prazos. Deltan envia uma denúncia que ainda não fez em esboço, para que o juiz “vá adiantando alguma coisa”. Moro diz que o Ministério Público não deveria aceitar uma delação de Eduardo Cunha. A Polícia Federal recebe ordens de Moro para fazer uma operação num dia pré-determinado…
Como sempre, Moro é chamado nas mensagens de “Russo”. O que só faz reforçar a ideia de que os procuradores e policiais achavam que não havia como perder pois, como na célebre frase de Garrincha, já estava tudo combinado com os russos.
A essa altura, a contestação da autenticidade das mensagens fica ainda mais difícil. Depois dos jornalistas do Intercept, de Reinaldo Azevedo, da Folha de S.Paulo, agora a Veja também teve acesso aos arquivos entregues pela fonte e confirmou que se trata de mensagens reais trocadas por Moro e o Ministério Público.
Num país sério, Moro já estaria exonerado do Ministério. Num país sério, Deltan Dallagnol perderia seu cargo no Ministério Público. E, segundo a força tarefa e o próprio Moro, a Lava Jato transformou o Brasil num país sério. Vamos ver se é verdade.