O deputado estadual Homero Marchese (Republicanos) foi chamado de machista pelos próprios colegas de mandato depois da sessão desta terça (26) da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. O tema era a criação de uma bancada feminina, e o representante eleito pelo MBL pediu vistas à proposta dizendo achar estranho que se criem “cotas para uma maioria”.
Marchese fez o seguinte raciocínio: as mulheres são pouco mais da metade do eleitorado. Portanto, podiam mudar o cenário da política nas eleições, inclusive elegendo mais mulheres. E chegou a essa frase: “Se as mulheres são minoria na Assembleia é porque as mulheres quiseram isso. Então é um projeto que vai estabelecer um privilégio para uma minoria que foi eleita por uma maioria.”
Marchese imediatamente disse que foi criado por mulheres e que sua mãe é sua “ídola”. Mas que não entende projetos de cotas para segmentos que não sofrem discriminação.
A proposta da bancada feminina, de autoria de diversas deputadas, prevê que as mulheres passam a formar uma bancada suprapartidária. E, com isso, passam a ter direito também a um lugar na Mesa Executiva. Hoje, são apenas cinco mulheres entre os 54 deputados estaduais – pouco menos de 10% de representação para metade do eleitorado.
A frase pegou mal até entre os homens. O primeiro-secretário da Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli (PSD), foi às redes sociais dizer que Marchese desconsiderou toda a questão social que impede o crescimento da representação feminina: a opressão, o machismo, a própria estrutura dos partidos.
Apesar do comentário de Marchese, o mais provável é que a proposta seja aprovada em breve e que a bancada feminina seja criada.