Greca nega racismo em Curitiba e mente sobre mulheres em sua gestão

Prefeito disse à GloboNews que maioria de seu primeiro escalão era de mulheres

O prefeito Rafael Greca (DEM) afirmou em entrevista à GloboNews, exibida neste sábado (5) que não existe racismo estrutural em Curitiba. A resposta veio quando a jornalista Andreia Sadi o questionou sobre a eleição da primeira vereadora negra da história da cidade, Carol Dartora (PT).

“Eu discordo da vereadora que aqui haja um racismo estrutural”, disse Greca, depois de Sadi citar declarações da vereadora eleita sobre o preconceito existente na cidade. “Eu cresci numa casa onde a engenheira Enedina Marques era colega do meu pai e conosco estava sempre”, ela firmou.

Logo em seguida, o prefeito reeleito amenizou sua declaração. “Pode ser que isso exista. Mas eu desejo a ela toda a felicidade do mundo. É uma boa professora, está começando um mestrado em História. Dei a ela o meu livro. E eu espero que as pessoas sejam iguais pela sua esperança, pelo seu coração, ainda além da cor da sua pele.”

Carol Dartora na realidade faz doutorado em História. Na explicação que deu sobre a composição étnica do Paraná, Greca comete outro erro, dessa vez bem mais grave. Insistindo na tese (há muito ultrapassada) de que a formação do Paraná foi “diferente”, o prefeito disse que quando o estado foi criado, a Lei do Ventre Livre já existia – um erro de quase duas décadas.

A repórter fez o prefeito perceber o que estava falando sobre sua própria cidade (não bastasse a eleição de uma negra ter demorado séculos) ao perguntar se Greca tinha algum secretário negro. Ele só conseguiu citar o comandante da Guarda Municipal, na verdade um cargo de segundo escalão, que faz parte da Secretaria de Defesa Social.

Greca também disse que tanto o negro de sua prefeitura quanto as mulheres estão lá por mérito, e não por uma política de compensação. Disse que as mulheres são maioria no secretariado e afirmou que está cercado de “mandonas” (nos Estados Unidos há uma campanha para combater o uso da palavra “bossy”, equivalente a “mandona” para mulheres em cargos de chefia, algo visto como extremamente machista).

O prefeito também se equivocou ao dizer que a maior parte dos cargos de primeiro escalão são hoje ocupados por mulheres, aliás. Consultando a página da prefeitura na Internet descobre-se que são 16 homens e 10 mulheres.

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