Francischini contra a imprensa

Delegado diz que jornalista do Intercept poderá ser preso

Em sua página de Facebook, o deputado Delegado Francischini PSL) chama jornalistas do Intercept e supostos hackers de “criminosos vermelhos” e os manda colocar as “mãos na cabeça ”, em alusão a uma suposta prisão que estaria a caminho. O comentário é feito na divulgação de uma reportagem que acusa repórter do Intercept de manter coluna em site oficial do Partido dos Trabalhadores (PT).

Com a afirmação malcriada, o ex-delegado demonstra desconhecer leis como o artigo 220 da Constituição Federal, que garante a liberdade de imprensa no país, e o artigo 138 do Código Penal, que caracteriza calúnia como crime.

Vejamos algumas das mancadas presentes no post do deputado:

  1. No caso dos supostos hackers, não foi concluído nenhum inquérito que comprove sua ligação com os vazamentos. Não se deve chamar um suspeito de criminoso.
  2. Mesmo que comprovada, não se sabe se foram os supostos hackers que passaram a informação aos jornalistas.
  3. Independente da possível origem criminosa das informações, a liberdade de imprensa garante que os jornalistas divulguem os dados se houver interesse público. Segundo a advogada Jacira Moura, ao chamar jornalistas de criminosos, o ex-delegado poderia ser processado por crime de calúnia, mesmo tendo imunidade parlamentar.
  4. O político está se valendo de seu posicionamento e dos seus seguidores para jogar o público contra a liberdade de imprensa, já que os dados divulgados são mais relevantes que a origem da informação e contrariam sua opinião.
  5. Manter coluna no site de um partido não é crime, como Francischini faz parecer.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

O (des)encontro com Têmis

Têmis gostaria de ir ao encontro de Maria, uma jovem vítima de violência doméstica, mas o Brasil foi o grande responsável pelo desencontro

Leia mais »

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima