Nos Estados Unidos, Hillary Clinton pode ter perdido uma eleição presidencial por ter usado um servidor de e-mails não oficial para se comunicar sobre assuntos de governo. A regra é clara: quem está em cargo público não pode ficar usando meios de comunicação que não possam ser protegidos e controlados. Ponto.
Aqui é essa bagunça. O juiz quer falar com o promotor? Manda um zap. Ninguém sabe o que está acontecendo, não tem como o CNJ saber como eles estão se falando, muito menos o cidadão comum.
Moro e Deltan ficavam trocando informações sobre testemunhas, provas, decisões. Deltan passava a mão da cabeça de Moro para ele não ficar tristinho com notícias ruins para a missão que os dois se impuseram.
Diz o preceito básico do Direito que o que não está nos autos não está no mundo. Na tragédia do nosso Judiciário, só faltou o coordenador da Lava Jato mandar emojis e GIFs para o juiz. Coraçõezinhos quando a decisão era favorável, cocozinhos quando Lula saía bem na fita.
Não é o único exemplo. No país do improviso, ninguém tem acesso à agenda dos governantes. Houve uma reunião do ministro com alguém? Não se sabe. Por que o governador estava num helicóptero em São Paulo? Vá saber. O lobista esteve no gabinete do juiz? Você não vai descobrir nunca.
Estamos num país em que o governo nega informações sobre voos passados do governador alegando que isso traria problemas de segurança. Como se fosse possível cometer um atentado contra um voo que já aconteceu.
É preciso ter regras contra a bagunça. E enquanto elas não vierem, seria bom que nossos representantes tivessem um pingo de moralidade e não se comunicassem pelo Tinder que virou o WhatsApp da Lava Jato.