Em sessão tumultuada, Greca passa por cima de oposição e aprova pacote contra servidores

Sessão teve tumulto, prisões e quebra de vidros no plenário. Vereadores ligados ao prefeito se recusaram a defender propostas

Numa sessão tumultuada que teve vidros quebrados, servidores públicos presos e guardas municipais armados no plenário, a Câmara Municipal de Curitiba aprovou o novo pacote de medidas do prefeito Rafael Greca (DEM) contra o funcionalismo municipal. A oposição, apesar da adesão dos independentes e da pressão dos sindicatos, só conseguiu 9 dos 38 votos.

O pacote de Greca tem quatro pontos básicos:

  • Mantém o achatamento salarial do funcionalismo (repõe a inflação do último ano, de 3,5%, mas deixa para trás o que se perdeu durante o congelamento);
  • Suspende por mais dois anos os planos de carreiras aprovados pela prefeitura já na gestão passada;
  • Impõe novas regras para a relação do município com os sindicatos, diminuindo o número de diretores liberados;
  • E extingue dois mil cargos na prefeitura, incluindo centenas de postos de educadores sociais.

A sessão foi marcada não só pelo barulho dos sindicatos como também pelo silêncio dos vereadores da base de Greca, que se submeteram a exigir urgência nos projetos (o pacote tramitou em nove dias), mas se recusaram a defender as propostas em plenário.

Os poucos membros da oposição insistiam na suspensão dos trabalhos, dizendo que era impossível votar naquelas condições com PMs e Guardas Municipais rondando o plenário, vidros do prédio sendo quebrados e medo de uma invasão.

O presidente Sabino Picolo, filiado ao mesmo DEM de Greca, porém, manteve a votação a todo custo. Num único momento em que um vereador da base pediu que a sessão fosse suspensa, Sabino olhou para Herivelto Oliveira (PPS) e disse, simplesmente: “Dá uma chegada aqui”.

Vídeos feitos dentro do plenário, por outro lado, mostram o líder de Greca na Câmara, Pier Petruzziello (PTB), que também evitou os microfones, dizendo para Sabino recusar os pedidos de suspensão dos trabalhos. “Não suspende, vamos tocando”, disse o vereador.

A oposição diz que a tramitação foi ilegal. Um dos pontos questionados foi a apresentação de um substitutivo de última hora, às 8h20 da manhã do dia da votação, 40 minutos antes da sessão, que propunha a volta do pagamento do vale transporte dos funcionários em dinheiro.

A pauta é uma reivindicação dos sindicatos, e na avaliação da oposição, foi incluída apenas para evitar que os adversários de Greca pudessem se posicionar contra o projeto.

Embora tenham sido questionados duramente por seu silêncio, os membros da base seguiram quietos. “Vocês estão trocando os servidores por asfalto”, disse MAria LEtícia (PV).”Exceção ao silêncio foi Mauro Ignácio (PSB), que subiu à tribuna para criticar os sindicatos.

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