Discussão de aposentadoria de governadores é tola e demagógica

As propostas em jogo servem para dizer que não é apenas a aposentadoria do joão-ninguém que será cortada

A Assembleia Legislativa do Paraná é dada a discussões inúteis. Agora, está discutindo inutilmente se deve ou não votar pelo fim da aposentadoria dos ex-governadores. Mera demagogia, tanto do governador de plantão quanto dos deputados. Nesta quarta, vai-se fazer audiência pública do caso como se fosse coisa séria. Não é.

A primeira proposta a ser discutida, de autoria de sua excelência Ratinho Jr. (PSD) é inútil por chover no molhado. Diz o texto que os governadores a partir de agora não poderão mais se aposentar. Começando por ele próprio. Faz parecer gesto de altruísmo aquilo que é simples reconhecimento do inevitável.

O STF já vem julgando ilegais as aposentadorias de governadores que assumiram o cargo depois de 1988, sob a nova Constituição. Quem assumiu antes, porém, ainda sob a lei da ditadura, tem direito. Como quem assume agora necessariamente cai no primeiro caso, é questão de tempo para o STF melar a brincadeira de quem fizer o pedido a essa altura.

Há quem faça demagogia mais profunda. O deputado Homero Marchese (PSL) quer cortar a aposentadoria de todos os ex-governadores que hoje recebem e as pensões de todas as viúvas. Pode até passar, mas não vinga. O direito de quem assumiu antes de 1988 é líquido e certo, garantido pela Constituição da época.

No fundo, trata-se de ficar bem com o eleitor usando mercadorias que parecem ter valor mas que, no fundo, são simples truques de ilusionismo. Servem para dizer que não é apenas a aposentadoria do joão-ninguém que será cortada. Como se os donos da bola, em algum momento, estivessem arriscados a perder algo.

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