“Diferença entre Ratinho e Beto não é ideologia, é caráter”, diz Leprevost

Leprevost garante que vai respeitar direitos humanos, mas para evitar polarizações prefere chamá-los de "direitos fundamentais

Um mês e meio depois do início do governo Ratinho Jr. (PSD), o novo secretário da Justiça, Família e Trabalho tomou posse nesta terça-feira. Ney Leprevost (PSD), assim como outro deputado chamado para o primeiro escalão, Marcio Nunes (PSD), do Meio Ambiente, primeiro tomou posse no Legislativo para depois assumir o cargo no Executivo.

Em entrevista ao Plural, Leprevost garantiu que vai respeitar os direitos humanos, mas que, para evitar polarizações em tempos de bolsonarismo, prefere chamá-los de “direitos fundamentais”. Afirma que a diferença entre Beto Richa (PSDB) e Ratinho é “de caráter” e comenta a nomeação de vários militares para sua secretaria.

O que dá para fazer na nova secretaria?
O desafio é hercúleo, especialmente porque nos últimos dois anos aumentou muito a pobreza no Paraná. Vamos precisar ter mais efetividade. Vamos aumentar o programa Família Paranaense, apoiar o Criança Feliz, programa federal para atender crianças de zero a 6 anos do governo federal.

Na área da Justiça, o importante é ter muito diálogo com as instituições, as organizações. É a área dos direitos humanos. E na área do Trabalho, dar requalificação para que as pessoas possam se colocar novamente no mercado de trabalho.

A reforma colocou vários temas díspares numa sacola só. Não vai dificultar trabalhar assim?
Eu acho até positivo. São áreas absolutamente afins, os conselhos que antes ficavam espalhados agora vão ficar numa mesma secretaria. E os programas sociais das várias áreas podem somar. Por exemplo: antes a Secretaria da Família tinha um Departamento da Criança, e a Justiça ficava com a área do adolescente infrator, com os Censes. Agora vamos poder utilizar a estrutura da Família para dar mais qualidade ao trabalho de ressocialização. Fora a economia que isso traz.

Por incrível que pareça, hoje “direitos humanos” viraram um assunto polêmico. Como lidar com isso?
Para não polemizar, tenho até usado a expressão “direitos fundamentais”. São direitos garantidos pela Constituição. Sempre defendi e respeitei todos os direitos garantidos pela lei. Temos que cumprir a Constituição, é simples assim. Mas é evidente que hoje são temas sensíveis em função da polarização vivida pelo país.

O sr. rompeu com Beto Richa (PSDB) no segundo mandato, mas agora está com Ratinho Jr., que foi muito ligado a ele e tem posturas semelhantes. Qual é a diferença entre os dois.
Acho que têm tudo de diferente. Primeiro a postura pessoal do Ratinho, que é mais simples e humilde. Segundo, ele não fica no discurso, age. Reduziu secretarias, entregou a aeronave do governo, diminuiu os gastos em 20%. Mas, principalmente, é ficha limpa. Acho que essa é a diferença fundamental entre os dois.

Ideologicamente, há diferenças?
Não saberia fazer aval ideológica. Acho que a diferença é mais de caráter e de ação.

Dizem que há um acordo entre o sr. e o Francischini (PSL) para que só um saia candidato a prefeito de Curitiba. É isso?
Não existe acordo, existe respeito entre dois políticos que são base de um mesmo governo. Nosso relacionamento pessoal é bom, mas temos pensamentos diferentes em várias áreas. Mas isso é assunto pra ver lá na frente, em 2020.

O sr. chamou muitos militares para a secretaria. Por quê?
Trouxe militares de postura extremamente democrática, que respeitam os direitos humanos, que demonstraram competência, disciplina e hierarquia. E, olha, o relacionamento deles com as pessoas e organizações de direitos humanos tem sido excelente.

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