Há cinco anos, em 12 de fevereiro de 2015, nas primeiras semanas de seus mandatos, dezenas de deputados estaduais do Paraná se sujeitaram a uma das cenas mais grotescas da história local: entraram num ônibus blindado do Choque para poder entrar na Assembleia sem serem atacados por manifestantes.
Na ocasião, os deputados queriam aprovar o pacote de ajuste fiscal de Beto Richa (PSDB), que se reelegera dizendo que tinha as contas em dia e, logo em seguida, promoveu um arrocho dizendo que o estado estava quebrado. O ponto mais sensível era a reforma da Previdência do funcionalismo.
O plenário estava tomado por manifestantes e os deputados planejavam transformar o restaurante da Assembleia num bunker para votar o projeto. Antes, precisavam dar um jeito de entrar no prédio. Para isso, a famosa bancada do camburão fez com que se cortassem as grades da lateral do prédio e entrou escondida do povo.
Mesmo assim, não funcionou. Cercados, os deputados foram obrigados a desistir do plano e o governo retirou os projetos. A tensão culminaria, dois meses depois, no episódio do 29 de abril, quando 213 pessoas foram feridas pela PM durante a votação dos projetos.
Mas e onde estão hoje, cinco anos depois, os deputados que toparam o jogo de Richa? Teriam sido punidos nas urnas? Muito pelo contrário. É difícil achar quem esteja sem mandato. Alguns foram promovidos a deputados federais ou a secretários de estado.
Ou seja: pensando do ponto de vista da carreira política, ir contra o interesse da população deu certo para a maioria da bancada de Richa. Veja a lista abaixo:
Ademar Traiano: Autor da famosa frase “Vamos votar porque a bomba é lá fora”, continua não apenas como deputado estadual como também emplacou o terceiro mandato consecutivo de presidente da Assembleia. Tem sido comparado a Aníbal Khoury. Modesto, diz que ainda não chegou lá.
André Bueno: Caso raro da bancada que não conseguiu se reeleger.
Artagão Junior: Segue como deputado estadual.
Bernardo Ribas Carli: Faleceu durante a campanha de 2018, em acidente aéreo.
Cantora Mara Lima: Não teve votos para se reeleger, ficando na primeira suplência. Mas Ratinho deu uma mão nomeando dois deputados para seu governo, e ela entrou.
Cobra Repórter: Disse que se não votasse com o governo, Beto Richa não lhe daria nem um papel de bala por quatro anos. Votou com Beto e se reelegeu.
Cristina Silvestri: Passou de suplente a deputada eleita.
Claudia Pereira: Não se reelegeu, mas Ademar Traiano arranjou um cargo bacana para ela na Assembleia.
Evandro Júnior: Deputado não reeleito.
Felipe Francischini: Eleito deputado federal, acabou presidente da CCJ da Câmara.
Fernando Scanavaca: Não tentou a reeleição.
Francisco Bührer: Reeleito.
Gilberto Ribeiro: Reeleito.
Guto Silva: Reeleito, ainda acabou promovido a chefe da Casa Civil de Ratinho.
Hussein Bakri: Atual líder de Ratinho na Assembleia.
Jonas Guimarães: Reeleito.
Luiz Carlos Martins: Reeleito.
Maria Victória: Não conseguiu se eleger prefeita de Curitiba, até porque era, digamos, um certo exagero de pretensão. Acabou reeleita mesmo depois de outro escândalo, em seu casamento-ostentação.
Mauro Moraes: Passou para o grupo de Ratinho e foi reeleito.
Nelson Justus: Por incrível que pareça, reeleito.
Paulo Litro: Reeleito.
Pedro Lupion: Promovido a deputado federal.
Plauto Miró: Mesmo depois de ser citado na Quadro Negro, reeleito.
Romanelli: Reeleito, acabou sendo primeiro-secretário da Assembleia.
Tiago Amaral: Apesar das citações na Quadro Negro, reeleito.
Tião Medeiros: Reeleito.
Wilma Reichenbach: Reeleito.