Bolsonaro radicaliza, e ninguém lhe dá um basta

Só o que se viu nesta terça-feira é suficiente para ver o nível a que chegamos

Não é preciso teoria política. Qualquer pai, qualquer mãe sabe disso: enquanto você não põe freio, as pessoas vão testando os limites. Se você deixa, daqui a pouco a situação chegou a um ponto incontrolável.

Jair Bolsonaro (PSL) a cada dia deixa claro que vai radicalizar mais e mais o seu governo, até que alguém tenha a coragem de dizer: basta. E o inacreditável é que, exceto algumas manifestações individuais, o país assiste calado a este escândalo.

Só o que se viu nesta terça-feira é suficiente para ver o nível a que chegamos. Houve ataques à imprensa, ao princípio da impessoalidade, a órgãos do próprio governo, à OAB.

O ataque à imprensa foi particularmente vil. Bolsonaro não acabou com a exigência de publicação em editais para tirar esse peso do bolso do empresário. Isso é balela, e ele mesmo admitiu.

Diz que fez isso para “retribuir” o que a imprensa fez com ele, chamando-o de racista, fascista, homófobo. Ao invés de parar com esses comportamentos, preferiu acrescentar o de censor: sem o dinheiro, muitos jornais vão quebrar, e ele sabe disso.

O fim de um contrato entre a Petrobras e o presidente da OAB é outra coisa de república de bananas. Como Felipe Santa Cruz ousou criticá-lo, o governo usa seu peso para esmagar o desafeto.

No governo, os órgãos que se arriscam a manter independência e fidelidade aos fatos são considerados inimigos. Nesta terça, a substituição do diretor do Inpe mostrou o que espera IBGE, Ipea, e outros do gênero.

Mas a frase que vai passar para a história, como Febeapá e como tristeza, é a explicação de que “todo mundo é filho de alguém”, e que portanto se o novo embaixador em Washington não for Eduardo Bolsonaro, será filho de outra pessoa.

Acrescenta-se à homofobia, ao racismo, ao autoritarismo, à censura a burrice. E a crença de que somos todos uns ignorantes das leis e da ética.

Por esses dias, Celso de Mello deixou o presidente “chateado” ao dizer que o presidente ignora a Constituição. Infelizmente, o ministro se aposenta em breve. Será substituído, num novo golpe à impessoalidade, por Sergio Moro (cujos escândalos não param de aparecer nos jornais) ou por um ministro “terrivelmente evangélico”. Ninguém mais chateará Bolsonaro.

E assistiremos calados ao presidente que joga no lixo a lei, a Constituição e a democracia.

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