Sobre o quê é o O Gambito da Rainha?
Sobre uma órfã genial que joga xadrez excepcionalmente bem? Sobre a loucura de uma mãe e uma filha? Sobre vícios? Xadrez? Mulheres? Guerra Fria?
Sim e não para todas as perguntas. Acima de tudo, é sobre mulheres, sempre reduzidas a menos do que homens na história.
Anya Taylor-Joy é jovem, e uma atriz excelente. As coadjuvantes são muito, muito boas. É uma série difícil de não assistir. Comecei a ver por acaso e não parei. Incrível como xadrez, que eu não sei jogar e nunca saberei, prende a atenção de qualquer pessoa. Ponto para o roteiro de Scott Frank e Allan Scott.
Mas a direção de arte merece um milhão de pontos e mais. Figurino, luz e cenografia são absolutamente impecáveis. Mesmo. É difícil me impressionar a esse ponto. Cheguei a ter um sonho com as cores da série.
A paleta de cores e as estampas de época são fascinantes. E as roupas, maquiagem e penteados de Beth Harmon acompanham a idade e o tempo de uma forma impressionante. Se puder, assista no escuro, numa TV grande e de alta resolução.
Mais uma coisa me impressionou. Há muitas cenas que têm uma tensão – sexo ou violência – que não acontece. É comum ela ser rodeada por homens, claro. Ameaçadores. Com desejo. Harmon vence todos pela inteligência.
Atualmente é comum filmes sobre machismo, ou feministas, apresentarem a mulher como vítima em primeiro lugar, para que depois ela vença, por inúmeras razões. O Gambito da Rainha apresenta um discurso diferente.
Assista. No Netflix.
Sobre o/a autor/a
Bia Moraes
Bia Moraes é jornalista desde 1990. Entre redações, assessorias de imprensa e incontáveis frilas, foi redatora, repórter, pauteira, colunista e editora, mas prefere ser conhecida como repórter fuçadora de lugares e pessoas.