3 coisas simples que você pode fazer no dia a dia para melhorar sua saúde mental

Hábitos que podem auxiliar você sem alterar em praticamente nada o seu dia a dia e que podem impactar positivamente no seu corpo, emoções e pensamentos

Certa vez ouvi que é melhor cuidar da casa um pouco todos os dias do que ter que fazer uma faxina violenta aos fins de semana ou mesmo uma limpeza sem precedentes uma vez por mês.

Nosso corpo é uma casa da qual não podemos nos mudar e sobre a qual o número de reformas que podemos fazer é limitado e custoso.

Por isso, cabe bem essa filosofia para com ele: mais vale fazer um pouquinho – nem que seja um pouquinho mesmo – mas todos os dias, do que, de repente, decidir que vai conquistar a flexibilidade de uma ginasta olímpica em um mísero mês (para desistir do terceiro dia).

Através do corpo, sentimos e expressamos nossas emoções e pensamentos. Não é possível pensar em mente sem pensar em corpo e tão pouco é possível separá-los. Minha linha de terapia, aliás, insiste que nós somos o nosso corpo. O ego é, basicamente, corporal e não uma entidade intelectual localizada nas páginas de um livro incompreensível.

O corpo também é esse canal palpável através do qual podemos atuar sobre tais emoções e pensamentos.

Assim, queria aqui sugerir uma série de hábitos simples que podem ajudar em sua saúde emocional e mental. São coisas simples que você pode incluir (ou reincluir) em sua vida sem que se precise fazer mudanças drásticas em seu cotidiano.

Talvez eles não sejam suficientes para o seu caso e, então, seja necessário procurar ajuda profissional, sem dúvida. Por outro lado, mal eles não farão e, certamente, ainda que de forma imperceptível a princípio eles vão melhorar a qualidade de como se sente no mundo.

1. Espreguice-se

Repare o gato e o cachorro. Se estão em repouso, descansando, não darão dois passos, ainda que seja para se deitar um pouco mais à frente, sem se espreguiçar gostosamente de duas ou três maneiras diferentes.

Só mais recentemente eles foram contaminados pelas neuroses de seus tutores. Fora isso, a maioria dos bichos caseiros têm em seus corpos tais movimentos expressados com naturalidade.

Muitos de nós, por diversas razões que não nos cabe elencar aqui, para que o artigo não vire um tratado, paramos de ouvir esses chamados do corpo. Pulamos da cama ao som do despertador, sem esse hábito saudável e vamos encolhidos – física, energética e emocionalmente – para nossas tarefas.

O alongamento como exercício seria menos necessário se ainda tivéssemos o espreguiçamento como algo natural.

Imagine que, em algumas culturas, é inclusive considerado pouco educado se espreguiçar em público!

O espreguiçamento nos ajuda a estender a musculatura que está tensa, expandindo o limite de alcance dos membros, nos levando física e energeticamente do interno para o externo, de si para o mundo, para as fronteiras que nossas extremidades alcançam.

Se você percebe que não se espreguiça naturalmente, comece a fazer isso de propósito. Ao descobrir o prazer de se espreguiçar, aos poucos, seu corpo vai começar a fazer isso sozinho. Esse alongamento natural fará com que seu corpo se desbloqueie numa velocidade assimilável e saudável. Aos poucos ele se tornará mais expressivo, dentro dos limites impostos por nossa sociedade e dentro de seus próprios limites. Espreguice ao levantar, quando estiver muito tempo sentado trabalhando, antes de dormir e em qualquer momento que seu corpo peça.

2. Respire

Essa dica parece meio estúpida. Afinal, se você está lendo isto aqui é de se esperar que já esteja respirando.

Acontece que no dia a dia nossa respiração é muito bloqueada. Mais uma vez, isso acontece por diversas razões.

Gostaria que você, então, dedicasse ao menos dois minutos por dia a um exercício respiratório muito simples cujos detalhes vou listar a seguir.

1. Faça respirações profundas, primeiro inspirando. Lentamente, infle primeiro o abdômen, depois o peito.

2. Não encha demais os pulmões. Encher demais os pulmões (e fazemos isso com frequência) pode conduzir a estados ansiosos. Vá a, digamos, 80% ou 90% da capacidade volumétrica de seus pulmões.

3. Não faça pausa com o pulmão assim cheio. Tão logo chegue ao limite de inspiração, já comece a esvazia-lo, lentamente. Se se sentir à vontade, solte um gemido de prazer que acompanha o ar que passa por sua garganta: “Aaaahhhhhhh…..”

3. Ao esvaziar os pulmões, faça no sentido contrário. Primeiro esvaziando o peito e, por último, o abdômen.  Agora sim, esvazie COMPLETAMENTE os pulmões dentro da capacidade de seu diafragma. De ínicio, você terá mais dificuldades, pois o diafragma em nossa assim chamada civilização é MUITO bloqueado, mas isso irá melhorando com o tempo, à medida que for fazendo esse exercício (de apenas dois minutos) diariamente.

4. Faça uma pausa com os pulmões vazios, menos de um segundo, o suficiente para marcar a pausa. Geralmente fazemos esse ciclo ao contrário (pausamos com os pulmões cheios e com os pulmões vazios não pausamos).

5. Reinicie.

A minha sugestão é de fazer isso dois minutos porque esse é um tempo que, supostamente, torna fácil de introduzir esse exercício no dia a dia. Esse tempo também não provocará hiper-oxigenação naqueles que não estão habituados a respirar amplamente ou naqueles que são mais sensíveis. Mas, se sentir vontade e sentir que não há problemas, pode aumentar esse tempo respeitando seu corpo e suas sensações.

3. Coma uma banana por dia

Claro que, nesse caso, espero que você respeite sua dieta, se tiver uma restrição alimentar.

Mas indiquei uma banana por dia porque essa fruta, nas suas variedades mais comuns, é fonte de triptofano e porque, caso não haja restrição alimentar, uma simples banana por dia não fará mal nenhum. Pelo contrário.

O triptofano está presente em diversos alimentos e ele é precursor da serotonina e da melatonina, neurotransmissores cujo desbalanceamento no organismo pode causar ansiedade, insônia, depressão e outros problemas.

Existem suplementos de triptofano nas farmácias e ele é considerado um alimento e, embora não seja necessária receita para comprá-lo, caso você ache conveniente, consulte seu médico para suplementá-lo dessa forma.

Uma banana por dia, além de ser um excelente alimento, é fácil de ser incluída na dieta, você encontra em qualquer sacolão ou supermercado da vida e é uma excelente sobremesa.

Desnecessário frisar que você deve seguir as suas prescrições e restrições alimentares dadas por seu médico, por exemplo, se for uma pessoa com diabetes ou outra questão de saúde que imponha a observação de uma dieta estrita.

Quanto ao triptofano, presente na banana e que está em ainda maior abundância em outros alimentos, vou citar o artigo “A utilização dos actings da vegetoterapia e e as terapias verbais”, do médico neuropsiquiatra Federico Navarro e do psicólogo reichiano José Henrique Volpi:

“O terapeuta que não é médico manda o paciente ao psiquiatra que regularmente prescreve Prozac. O Prozac é completamente inadequado porque inibe ainda mais o organismo na produção dos neurotransmissores dopamina e serotonina. A dopamina e serotonina são fundamentais para as funções psicológicas. Nesse caso, podemos dar o triptofano que não é um remédio e sim, um alimento. Aqui no Brasil pode ser encontrado nas farmárcias de manipulação. O triptofano faz com que a pessoa se sinta mais em contato com o mundo, se comunique melhor, não fique deprimido e durma melhor.”

Conclusão

Como você pode ver, são três hábitos que não vão provocar mudanças milagrosas e repentinas na vida de ninguém, mas se utilizados diariamente, ao longo do tempo, sem dúvida podem ajudar.

1. Espreguiçar

2. Respirar da forma mais desbloqueada possível

3. Se alimentar bem

Aliás, desconfie de pílulas – figurativa e literalmente – que prometem mudanças drásticas e maravilhosas em pouco tempo.

Claro, não estou advogando contra tratamentos medicamentosos, pois não poucas vezes eles são necessários e fundamentais. Sem dúvida que a alopatia – os remédios tradicionais dos grandes laboratórios – também salva vidas. Mas ela não é o único recurso.

Além disso, nenhuma dessas dicas é suficiente para resolver caso você esteja em um momento agudo de dificuldade.

Se for o caso, não hesite em procurar ajuda terapêutica, seja médica, seja psicológica.

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