Usou máscara, cuidou dos outros? Isso é para você

Desde março de 2020 você tem se cuidado. Evitou sair sem necessidade, usou máscara até mesmo antes de ser obrigatório, praticou distanciamento social, protegeu colegas de trabalho e/ou funcionários. Não foi um período fácil. A você só tenho a dizer […]

Desde março de 2020 você tem se cuidado. Evitou sair sem necessidade, usou máscara até mesmo antes de ser obrigatório, praticou distanciamento social, protegeu colegas de trabalho e/ou funcionários. Não foi um período fácil. A você só tenho a dizer o seguinte: muito obrigada! Graças a você muitos de nós ficamos seguros, sem Covid-19, sem chorar o sofrimento nem a morte de nenhum amor.

Não é pouca coisa, sabe? Claro que nesse período todo você deve ter se sentido pequeno, especialmente ao ver os números de contaminados e mortos aumentando todos os dias.

Houve também o escárnio. Dos que não usam máscara ou insistem em usá-las de forma inadequada. É um festival de máscara no queixo, com o nariz para fora. Gente que tira a máscara para falar ao telefone, para tossir, conversar de perto.

E o escárnio das autoridades? Do prefeito, do governador. Que nada fizeram para conter a epidemia de desinformação. Para convencer as pessoas de que o simples ato de usar máscara corretamente salva vidas. E do presidente, que a cada momento insistiu em minimizar a pandemia, desprezar os mortos, os doentes, a vacina.

Não foi fácil, né? Não está sendo fácil. A sensação é de estar nadando contra a maré, usando toda sua energia para dar braçada atrás de braçada sem sair do lugar.

Mas você fez a coisa certa. Você gastou um dinheiro precioso em máscaras até para quem não queria usar. Migrou para a pff2 quando isso passou a ser recomendado entre os especialistas, porque você lê os especialistas, aqueles de verdade, com mestrado, doutorado, Ph. D e resistiu à tentação de se acomodar no conforto das mentiras convenientes.

Nesse mais de um ano você descobriu que não existe prêmio para quem faz a coisa certa. Pelo contrário, todo dia, toda hora a decisão de se cuidar, cuidar dos outros enfrentou todo tipo de oposição, do familiar que insiste em visitas ao simples cansaço.

No entanto, saiba que nós vimos o que você fez e seremos eternamente gratos. Graças a você as coisas não foram piores, não estão piores. É difícil quantificar quantos sobreviveram graças a você. Mas sim, muitos sobreviveram por sua causa, porque você seguiu firme quando era mais fácil ceder.

Enquanto para muitos três mil, cinco mil mortes não chocavam, para você cada luz a se apagar foi uma perda pessoal. E você fez tudo ao seu alcance para não aumentar essa conta.

Nós sabemos disso. Nós te reconhecemos na rua, na internet. Na marca da máscara no rosto, no seu cuidado com o outro, no olhar de esperança e de preocupação.

Quando tudo isso acabar, a gente te deve um abraço. A gente te deve muitos abraços. Mas por enquanto receba nossa gratidão. Devemos nossa vida a você. Obrigada. Muito obrigada.

Sobre o/a autor/a

73 comentários em “Usou máscara, cuidou dos outros? Isso é para você”

  1. Marcelino Cabral de Andrade

    Olá Rosiane, me chamo Marcelino, primeiramente gostaria de agradecer pelo texto tão cheio de significado e que traduz o sentimento de tantos perante tudo o que estamos passando. Gostaria de informar que o mesmo foi objeto do concurso da SEFAZ-PE em junho de 2022 para o qual concorri. Ocorre que classificaram o tipo do texto como INJUNTIVO, como autora, gostaria de saber a sua posição, pois creio que houve equivoco quanto à classificação.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Marcelino, tudo bem? Obrigada pelo elogio e leitura. Não sei se concordo com a classificação. Mas tb não sei se minha opinião é válida nesse contexto. Na realidade nem sabia que meu texto tinha sido usado numa prova. Tomara que você seja aprovado. Um abraço, Rosiane

  2. Regina Helena Gomes

    Examente o que fiz, continuo fazendo, e vou fazer por muito tempo ainda.
    Tive Covid, talvez por ter usado uma máscara de pano, quando pessoas que não pensaram em mim, me entregaram a encomenda sem máscara, mesmo que eu implorasse que colocassem.
    Fiquei internada, passei a fazer uso de betabloqueador, aumentei a medicação de pressao, mas gracas a Deus, estou bem. Ouvi de muitas pessoas, ta vendo, ficou mais de um ano em casa e pegou, usou máscara e pegou. Mas confio em Deus, na ciência, na medicina. E vou continuar respeitando tudo.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Obrigada por seu cuidado, Regina. Certamente garantiu a segurança de muitos. É por pessoas como você que não tivemos uma catástrofe maior.

  3. Obrigada! Estava precisando ouvir/ler mensagem com esta! Sinto como se foi escrita pra mim!! Muito emocionante!! Esperanças!! Vamos superar esse tempo tão amargo!!

  4. Aline Voigt Nadolni

    Tenho uma filha com Síndrome de Rett. E como foi e está sendo duro este isolamento, esta falta de terapias e acompanhamento médico e esses meses de altas taxas de transmissão e óbitos. Pela falta de uma resposta adequada e de consciência da população, esta situação se arrasta sem termos nenhum período de “folga”. Vemos os impactos na nossa filha, de estar tanto tempo isolada, mas os impactos da Covid seriam infinitamente maiores.
    Outra coisa que dói demais é a desigualdade social que cresce e hije está escancarada, mas muitos não querem ver.
    Muito obrigada por este texto. É um alento em meio a tanto umbiguismo.
    Peço a todos que amparem os seus, seja por afeto ou apoio financeiro. Teremos cacos para colar depois que isso passar.

  5. Giuliana Perugini

    Caramba! As lágrimas também rolaram por aqui.
    É um período extremamente difícil para quem tentou/tenta informar, falar sobre coletividade, tentar praticamente desenhar que não existe medidas individuais quando somos sociedade e um vírus que é coletivo.
    Este texto me abraçou demais, toda estigmatização que fazem com quem se cuida, com quem se importa, o jeito que passam a nos olhar, a forma pejorativa ao se referirem aos que ainda estão reclusos, negam saídas e ficam perplexos com os recortes nas redes sociais de momentos em confraternização. Apesar de tantas relações desgastadas, todo esforço mental que é continuarei cuidando de mim e do próximo. Obrigada, obrigada! <3

  6. Maria Angela Ludovice Teixeira

    Tenho 77 anos , ainda com a rebeldia dos anos 70 e foi muito dificil obedecer as regras impostas por essa pandemia .Graças aos meus filhos ,felipe e mariana,que foram exigentes e duros por vezes ,consegui sair incolume a ação desse virus implacavel . Obrigada a eles e à todos que compreenderam a significancia emmaria angela cumprir as regras .

  7. Arlete Beatriz Becker Ritt

    Caiu um cisco aqui nos meus olhos! De nada e as ordens!
    Lembro de ter lido em algum jornal europeu la no final de março/2020 ou início de abril/2020 que seria adequado às pessoas usarem máscaras para sair na rua; imediatamente, na primeira saída para a rua que fiz, comprei máscaras e desde então as uso! Sempre!
    Obrigada a todos(as) que também acreditaram na ciência e fizeram uso de máscara e com isso me salvaram também!
    Obrigada por esse texto lindo!
    Sigamos em frente, usando máscaras enquanto necessário for!
    Saúde a todos(as)!

  8. Eu senti o abraço daqui. Foi e tem sido muito difícil todos os dias. Eu me orgulho muito de ter sido e continuar sendo resiliente, insistente, corajosa, mesmo exausta e com tanto medo. As relações desgastadas, as decepções somadas, o desprezo recebido, o cansaço acumulado… tudo isso somado a uma montanha russa de esperança e desesperança, tentativa e desmotivação. Obrigada pelo texto, recebo sim e com muito orgulho e dignidade esse carinho. Uma única coisa a pontuar… Existe SIM prêmio pra quem faz a coisa certa: Poder passar mais tempo ao lado das pessoas que a gente ama e fez de tudo pra proteger ❤️

  9. Alexandre Mendes da Silva

    Me senti pessoalmente cumprimentado e fui as lágrimas. Antes em janeiro de 2020 eu já tinha comprado mais 100 pff2, com 5 litros de alcoolgel, 2000 máscaras comuns para distribuir tudo isto em janeiro quando ainda estava na China . Perdi amigos, parentes e a minha esposa que tinha de operar o coração e mas não podiam por causa da pandemia. Ela não aguentou e veio a falecer em 15 de março deste ano. Sofro a sua perda e também a de outros que nem conheco mas sei da dor da perda. Fiz e faço o possível para convencer as pessoas na são tão cegas. E triste tantas mortes desnecessárias

  10. Caramba, nesses mais de 12 meses é a primeira vez que leio algo assim e sinto que meus constantes atos “irrelevantes” não foram em vão. Eu só consigo sentir raiva, indignação, revolta. Sinto que tô na pior fase de mim: sou chato, crítico ao extremo, dando murro em ponta de faca. Mas esse artigo melhorou um pouco minha semana.
    Obrigado a todos os outros que também se identificaram com o texto.
    Obrigado, de verdade!

  11. Obrigada. Fiz isso e continuo fazendo. E volto agora 27 de agosto para o trabalho presencial , morrendo de medo. As pessoas estão pensando que a pandemia acabou!

  12. ELGA FELIPPE MORAES

    Fiquei feliz em me reconhecer neste texto que trata de resistência e coragem. Para proteger os nossos foi preciso cuidar dos outros também. Quem entendeu isso, entendeu tudo .
    Obrigada por traduzir em palavras tanto sentimento

  13. Obrigada por seu texto, Rosiane. Seguimos em total isolamento em casa. São mais de 15 meses. No aguardo da D2 para finalmente sair lá fora. Teu texto foi um abraço para mim. Vai passar.

  14. Francisco Gonçalves

    Lindo texto!
    Mergulhado nessas palavras, desde março de 2020.
    Me reconheci.
    Nada foi, nada está, nada será em vão.
    Continuemos, todos!

  15. Mil vezes obrigado!

    Chorei, me senti confortado pela ternura de suas palavras.

    Sou responsável pela saúde e segurança dos trabalhadores de uma empresa de construção civil, não paramos nenhum dia, aqui não tem como fazer Home office, infelizmente.

    Perdemos amigos e colegas, alguns ficaram com sequela, físicas ou mentais para toda a vida.

    Mas muitos estão bem hoje por conta de nossos esforços.

    Beijo no coração.

    Pedro

  16. Quantos “nãos” eu disse e Quantas situações constrangedoras com gente invasiva. Não me arrependo. Mas não é fácil. Obrigada pelo texto.❤️

  17. Agradeço as palavras. Não foi fácil. Não está sendo fácil. Ainda consigo proteger os que amo. Gostaria que todos pudessem ou tivessem podido.

  18. Perdi meu marido para a COVID em 7/01/201, ele era médico, estava na linha de frente nessa guerra insana contra esse vírus maldito. Sempre fizemos tudo para nos proteger e proteger quem amamos e também quem nem conhecemos. E ele seguia lutando para salvar vidas. A dor que sinto ainda é imensa. Mas tenho certeza de que fizemos sempre o que devíamos fazer. Sigo, agora sem ele, mas continuo fazendo tudo o que sempre fizemos juntos, lutando contra essa pandemia, que um dia há de passar. Gratidão pelo texto sensível e pelo abraço. Outro em ti.

  19. Jurema Alves Pereira

    Texto maravilhoso e necessário! Muito reconhecida nessas belas palavras. Gratidão pela sensibilidade, empatia e respeito a humanidade! Continuemos a nos cuidar, cuidando dos nossos e de quem podemos alcançar com os nossos gestos e textos. Sinto-me já abraçada e retribuo o afeto.

  20. Claudeilde Cosme dos Santos

    Com essas palavras, não senti vontade de chorar, apenas senti como se tivesse fracassado, qtos perderam famílias inteiras. Um gosto triste, descendo goela abaixo. Acho, que a grande maioria está nas roletas russa da vida. Achando que estão em Las Vega. E ganharão hum milhão.

  21. Célia Alves Libório Guerra

    Parabéns pela reportagem e muito obrigada aos médicos em enfermeiros e todos que concientimente fez sua parte no uso de máscaras corretas e por respeitar a vida do outro meu filho Grieco Liborio é um deste que se preocupa não só c ele e sua família mas também com o bem estar e a vida do próximo.?????????

  22. Muito obrigada! Me vi aqui retratada nas inúmera vezes que bati o pé e, até com cara e nome de chata, fui criticada. Inclusive colegas de trabalho (jornalistas, hein!!), que por impulso acham que é possível manter a janela da sala aberta e ligar o ar condicionado. Sempre me pautei na ciência e cá estou, de consciência tranquila porque fiz o meu melhor nesse mar de negacionistas.

  23. Muito obrigada! Esse texto me fez chorar muito, é difícil fazer os outros entenderem da necessidade de distanciamento, em minha família sou má, sou a filha que não deixa a avó ver a neta bebê, quando começou tudo isso minha filha tinha 8 meses. Não tem sido nada fácil, mas eu sei que não contribui para a morte de ninguém.

  24. Obrigada pelas palavras, me senti tão abraçada! Voltei ao trabalho presencial e preciso fugir todos os dias dos meus colegas, que tiram a máscara assim que pisam porta a dentro do escritório achando que não tem qualquer problema porque “eles não estão expostos”… É uma falta de respeito e compromisso coletivo que machuca…

  25. Muito obrigada…fiz e continuo fazendo o que deve ser feito, uso máscara desde o início, desde qdo médicos, o ministro da saúde e até OMS dizia que era para usar só quem já estivesse contaminado, observava os números do Japão, como eles conseguem controlar o vírus numa população tão grande? Eu mesma estava lá em 2002 na epidemia da Sars, mascara nunca me incomodou. Migrei para a PFF2 em março desse ano e continuo usando, voltei a trabalhar faz um mês e tbm adquiri um óculos de proteção desde então, pra que? Sei lá, prefiro pecar pelo excesso. Vamos em frente, que Deus nos abençoe ?

  26. Rosiane, muito obrigado pelo texto! Não é fácil ver amigos e familiares ignorando tudo isso. Seu texto nos dá força pra continuar fazendo a coisa certa, mesmo que signifique sacrificar outras coisas.

  27. Gratidão pelo recado.
    Em muitos momentos, é realmente bem desafiador enfrentar ou mesmo somente conviver com os negacionistas. Sejam eles por motivações políticas e desinformações, sejam por se acharem acima de tudo e todos. Os “espiritualizados”, os de “alta vibração”, e eles estão corretos, somente desrespeitosos com os demais. Seu texto é um conforto.

  28. Eliane Aparecida Pereira Cruz

    Nossa que forte! Sim esse texto é com certeza para mim. E que bom ver que eu fiz diferença, disponha. Só eu sei todo o “sacrifício” que fiz ficando totalmente longe da minha família… Ficar sem ver a minha mãe que é uma pedaço de mim 1 ano e 5 meses… Usando máscara desde o dia 14 de março de 2020 e sim nunca fiquei sem “ela” por respeito a mim mas aos outros!! E sempre acreditei na ciência! E sim cada vida perdida é uma vida um amor de alguém e isso dói… Não sei em quem mais dói mas dói em mim!! Lindo o texto eu precisa saber que tudo o que eu fiz de certo desde o início dessa pandemia não foi em vão. Obrigada muito obrigada!!

    1. Muito obrigada por esse texto. Aumentou minha certeza de que estava e estou certa, porque ainda continuo me cuidando quase da mesma forma que no início. Tenho uma filha em casa que me cuida exageradamente, é extremamente informada e tenho outra casada que vi a última vez há 5 meses e de longe. Consola-me saber que fomos úteis para alguém além de nós. É muito triste, quase provocando raiva, quando vejo lugares cheios, sem máscara, sem qualquer protocolo sanitário. Abraço solidário para todas nós.

  29. Rute Maria Gonçalves de Andrade

    Estas palavras já são um abraço para nós que estamos exauridos, tristes, isolados, sendo motivo de desprezo, escárnio e rejeição. Mas é esta atitude, de todos nós que agimos assim, é que nos define, que nos faz resiientes , que nos dá a certeza de ter feito sempre o correto. Obrigada por este abraço tão necessário e tão reconfortante! Sigamos!

  30. Lindo e propício texto. Sempre bom sentir o apreço dos outros por algo que fizemos e continuamos fazendo e que não é fácil. Eu não acho que fizemos favor pra ninguém. Fizemos o que TODOS deveriam ter feito. Mas disponha! ♥️

  31. Marta Correa Gobbi Correa Gobbi

    Gratidão pelos comentários dirigidos a nós, que, com certeza, salvamos milhares de vidas inclusive a nossa!
    Simples assim!
    Triste pelos que, não se cuidam e não se importam com o “próximo!”
    As vezes pessoas não tem consciência que, “ eu sou o seu próximo”

  32. Fátima Regina Negrão

    Muito obrigada, fiz e continuo fazendo tudo exatamente assim, tive 2 filhos com o vírus, graças a Deus foram assintomáticos e eu e meu outro filho não pegamos. Voltei ao serviço presencial no início do ano, sou professora, mas confesso que tenho muito medo, os adolescentes não se cuidam, são muito despreocupados. Mas em todo o momento chamo a atenção, trabalho em 4 escolas, 1 particular e 3 estaduais, nessas últimas só eu trabalho com o IPI, 2 máscaras, jaleco de manga longa, meu álcool 70, levo meu lanche e minha caneca , tudo fica comigo. tento me cuidar o máximo, por mim, pela minha família e também pelos outros.

  33. Fiz tudo isso.
    Agora tive que voltar ao trabalho presencial e estou com medo, as pessoas não estão mais com medo, não se comenta mais nada, parece que tudo acabou, só quem teve covid com dores de cabeça fortes estão usando 2 máscaras com medo da reinfecção.

  34. Reconheci-me nas palavras deste artigo. Até formaram-se lágrimas nos olhos. Só posso dizer “por nada” e “disponha”, agora e sempre. ?

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