Só agora entendi por que Boca Aberta me escreveu confessando desrespeitar uma decisão judicial

Deputado disse à Folha de S. Paulo que Arthur Lira prometeu garantir sua permanência no mandato se tivesse seu voto para a presidência da Câmara

O ex-deputado federal Boca Aberta (Pros-PR) afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (27), que o então candidato à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu proteger seu mandato caso tivesse seu voto na disputa pela presidência da Câmara. À época, investigações no Conselho de Ética e no TSE ameaçavam o mandato do paranaense – que veio a ser cassado definitivamente na quinta-feira (16). 

Segundo o relato do ex-deputado à Folha, o pedido foi feito da seguinte forma: “Boca, dá o seu voto de confiança em mim que eu garanto que ninguém vai mexer com você, e na comissão de Ética eu seguro”.

O paranaense, que seguiu o combinado com Lira, agora se queixa que, após eleito, o presidente sumiu.  “Falei: ‘Lira, me atende’. Para pedir voto, ligava toda hora, zap e tal. Ganhou a eleição, sumiu. Falei Lira, os caras querem cassar meu mandato, eu não cometi crime. Ele não atendia. Peguei o carro e fui na residência oficial, falei: ‘Quero falar com o presidente’. ‘Vai segurar lá ou não?’ R$ 51 milhões de reais no apartamento e ninguém cassou o Geddel. Agora vai cassar o meu mandato? Ele falou: ‘Não, Boca, vou segurar’. Segurou nada”, disse à Folha.

As informações que Boca Aberta deu à Folha me ajudam a entender um dos episódios mais inusitados que vivi na carreira de repórter de política. 

Em fevereiro, Boca Aberta não mediu esforços para deixar claro que votou em Lira. No dia da eleição, o paranaense estava sob uma decisão judicial de cumprimento de pena em regime aberto que o obrigava a ficar em casa das 21h às 6h. A votação em plenário começou às 21h49. Nesta noite, publiquei uma reportagem, então no Congresso em Foco, relatando que ele não poderia votar na eleição da Mesa por força da decisão judicial. 

A vontade de provar fidelidade a Lira era tanta, que dois dias depois recebi do deputado uma mensagem curiosa: uma confissão de desrespeito à decisão judicial. “Puta que pariu emmm… que fake news mais vagabunda… vai ser o processo mais fácil que vou ganhar dessa imprensa porca […] Eu votei nele”, escreveu-me Boca Aberta. 

“Uai, como deputado? Se foi depois das 21h?”, questionei, já que a votação era exclusivamente presencial. 

“E daí, amigo? Eu votei, qual o problema?”, confessou e ainda me mandou um arquivo com o boletim de votação do painel eletrônico da Câmara que mostrava que, de fato, ele havia votado. 

Para tentar justificar o desrespeito à decisão, Boca Aberta disse que a sentença era absurda e que ele estava no direito do mandato. À Folha, o ex-deputado chegou a dizer que filmou a votação e mandou como prova para Lira. 

Hoje, diante do que disse à Folha de S. Paulo, fica mais fácil entender o que pesava na decisão de Boca Aberta de desrespeitar uma decisão judicial. 

Também à Folha, Lira negou as informações de Boca Aberta. Em nota, disse que “são infundadas as afirmações”. “Vale ressaltar que no dia 16 de setembro, a Mesa da Câmara dos Deputados apenas formalizou a perda de mandato do ex-deputado Boca Aberta, cassado pela Justiça Eleitoral”, diz Lira.

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1 comentário em “Só agora entendi por que Boca Aberta me escreveu confessando desrespeitar uma decisão judicial”

  1. bom dia amigos e amigas. Tem um ditado que o peixe morre pela boca e assim aconteceu com o Ex Deputado Federal boca aberta, único louco que temos visto que fala o que quer e é protegido é Bolsonaro só fala asneiras e tudo bem ainda se acha mas enfim ele é o Presidente da Republica e o boca aberta é quem na ordem do dia apenas um louco que ó fala bobagem pagou o preço……….que tragédia

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