Professora que sofreu AVC hoje sorri e respira melhor

CERNE aplica técnica de terapia ocupacional que ajuda pacientes de AVC a se recuperar

Quando acordou naquela manhã de 2017, Marisol Martinez, hoje com 47 anos, sentia-se como sempre. Foi no ritual de pentear os cabelos logo cedo que percebeu os sintomas chegando. Naquele dia ela não entrou em contato com a mãe, como sempre fazia, e a mãe desconfiou e correu até sua casa. Mãe sempre sabe. A filha sofrera um AVC.

A história da Marisol desde então tem sido de muito esforço para recuperar um pouco das funcionalidades afetadas pelas sequelas do AVC. O trabalho dela é de tanto empenho, e os resultados são tão bonitos, que eu gostaria de falar deles um pouco mais tecnicamente, até para comunicar a outros pacientes: é possível ter uma vida melhor após o AVC.

No caso da Marisol, ela ficou com paralisação do lado direito, alterações na fala, sensoriais, no equilíbrio, na marcha em oscilação, além de alterações nos sentidos – na forma de sentir calor e frio, por exemplo.

Durante seu tratamento, iniciado há cerca de seis meses, começamos com a terapia da mão, que registrou bastante evolução. Antes, ela não conseguia nem abrir a mão. Agora, já está treinando o movimento de pinça.

Outra dificuldade enfrentadas pela Marisol era com a respiração e o bloqueio na caixa torácica, motivos que conduziram à escolha da terapia de reequilíbrio toracoabdominal. Conhecida como RTA, essa técnica foi desenvolvida na década de 1980 pela fisioterapeuta Mariangela Pinheiro de Lima, durante o período em que iniciou o ambulatório de Fisioterapia do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. A profissional testou e estabeleceu protocolos para esse procedimento, com destaque para a aplicação em UTI neonatal. Desde então, as manobras têm ajudado tanto bebês quanto crianças e adultos em todo o país.

Com a Marisol, foi realizado um protocolo de dez atendimentos de uma hora cada, no período de um mês, com a documentação postural antes e depois. Depois disso, houve um grande ganho, a começar pelo fato de que a paciente dormiu várias vezes durante a sessão! É sinal de relaxamento profundo.

As manobras manuais podem ser realizadas com o paciente sentado ou deitado, de costas ou de bruços, de acordo com o local do encurtamento no corpo. Após o início das manobras com a Marisol, percebemos uma rápida evolução, com a melhoria de postura e expansão do tórax, permitindo entrada de mais oxigênio e abertura do diafragma.

Com isso, a própria fala da Marisol melhorou, como consequência da melhor respiração. Hoje ela diz, “Antes, assim (ela mostra o corpo contraído) e “agora, passou! Sou só sorriso”.

Levei muitos atendimentos para entender onde ficavam a inspiração e a expiração da Marisol, porque ela apresentava uma respiração muito curta. Por esse motivo, justamente, optamos pelas sessões de RTA. E o esforço compensa: o dia em que ela encostou a palma da mão inteira na maca foi emocionante…

Agora vamos continuar com as sessões de RTA e retomar a terapia da mão. Outro desafio é aprimorar ainda mais a fala – algo que é dificultado pela ansiedade dos interlocutores, que se adiantam e “falam” por ela.

Fica então o lembrete: é preciso deixar o paciente formular a fala no tempo dele! Isso também irá estimular as melhorias, por menores que pareçam.

Sobre o CERNE

O Centro de Excelência em Recuperação Neurológica conta com uma equipe multiprofissional, composta por fisioterapeutas, fonoaudióloga, musicoterapeuta, psicóloga, terapeuta ocupacional, psicopedagoga e educador físico. As duas sedes (Curitiba e São José dos Pinhais) têm a proposta de oferecer um outro olhar da recuperação da saúde, mais humanizado e personalizado de acordo com as necessidades e demandas do paciente, a fim de facilitar a sua inserção na sociedade.

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