O que a pandemia do Covid-19 nos ensina sobre o futuro e as mudanças climáticas?

Após esse teste, espera-se que a humanidade repense suas ações e possa aprender algumas lições para enfrentar novos problemas

O mundo está passando por uma prova global, por conta do Coronavírus. A ameaça nos mostra que, para algumas crises, não existem barreiras ou fronteiras. Depois deste teste, espera-se que a humanidade repense suas ações e possa aprender algumas lições para enfrentar novos problemas e desafios de um mundo globalizado. Arrisco a dizer que esta será uma pequena prova do que teremos que enfrentar com as mudanças climáticas, algo tão grave quanto o Covid-19 e que já vêm mostrando seu impacto há alguns anos.

O momento permite algumas analogias entre estas duas questões: a pandemia do Coronavírus pelo mundo e as mudanças climáticas, dois inimigos a serem enfrentados com cooperação e visão sistêmica e integrada. Um exemplo disto pode ser visto na capital do Paraná e Região Metropolitana.

Com os noticiários sendo dominados por assuntos relacionados à atual pandemia, a comunicação sobre a falta de água em Curitiba ficou um pouco de lado. Por conta de uma estiagem nem tão severa, a capital paranaense está sentindo os efeitos de chuvas abaixo da média desde a metade de 2019. Alguns reservatórios estão com metade de sua capacidade e a captação superficial já está prejudicada. O racionamento já vem ocorrendo e cerca de 40% da população já sente os efeitos que alguns eventos mais extremos podem causar à cidade. São os primeiros sintomas de que algo não está bem com este grande “organismo vivo” chamado cidade. E é preciso que o organismo mantenha sua “imunidade” alta.

A primeira lição: a água que abastece a Região Metropolitana e seus mais de 3 milhões de habitantes vem dos municípios limítrofes. Por isso é fundamental pensar em ações sem fronteiras, assim como no combate ao vírus. As cidades terão que pensar além de seus limites e atuar de forma cooperada. É importante ressaltar que a falta de água não afeta apenas residências. As empresas e indústrias podem colapsar, causando ainda mais impactos sociais e econômicos.

Mas nesse caso, a tecnologia necessária para este enfrentamento não demanda de maiores estudos ou pesquisas. Ela já existe. E se chama natureza. Investir agora em infraestrutura natural, restauração e conservação de áreas prioritárias, dentro e no entorno da capital e Região Metropolitana, é a chave para nossa segurança hídrica e “imunização” das cidades para esta questão.

Da mesma forma, assim como no caso da pandemia, o efeito das mudanças climáticas sobre a população também não pode ser ignorado. A inovação necessária para prevenção surge em ideias integradas e sistêmicas, envolvendo parceiros que buscam solucionar os mesmos problemas, desenvolver a mesma “vacina” e, assim, proteger seus cidadãos e seus negócios. Não se trata de soluções simplistas e sem grande efeito prático, como plantar árvores pelas cidades e produzir planos e documentos que não são concretizados. É necessário pensar políticas inovadoras e objetivas, que facilitem a cooperação institucional e estejam alinhadas com a nova demanda mundial de criação de cidades inteligentes.

Planejar, estar preparado e antever situações críticas como esta que estamos passando deve ser a nova toada a partir daqui para buscar a resiliência das cidades aos impactos das mudanças climáticas. Não podemos mais esperar o caos para começar a agir. Ameaças como a Covid-19 só demonstram o quanto precisamos de cooperação entre poderes, pessoas e instituições – sejam públicas ou privadas – para trabalhar em conjunto e superar crises, quando se trata da busca por um bem comum.

O coronavírus é o primeiro desafio a ser superado no momento. Mas ele vai passar. E o combate atual pode nos deixar um legado de união pelo bem coletivo, para que possamos ser efetivos também no enfrentamento às mudanças climáticas, nosso próximo grande obstáculo, a nova “pandemia” a ser enfrentada. As consequências futuras só dependem de como vamos entender a mensagem deixada pelo atual cenário mundial.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima