Mulheres musicistas: talentos femininos que vale a pena conhecer

Ainda existem muitas mulheres de talento que passam despercebidas pela história por conta da cultura da época, preconceito e sexismo

Quando se pensa em grandes compositores da música clássica, logo vêm à mente Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Chopin, Schumann, Brahms, Mendelssohn, Tchaikovsky e muito outros, todos homens. No Brasil, não é diferente, temos Carlos Gomes, Heitor Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e Chiquinha Gonzaga, despontando num meio predominantemente masculino.

Será que não existiram instrumentistas ou compositoras de música clássica na história da música ocidental? Claro que existiram! E ainda existem muitas mulheres de talento que passam despercebidas pela história por conta da cultura da época, preconceito e sexismo.

Quer conhecer um pouco mais? Destaco aqui cinco compositoras de música clássica com talento inestimável. Começo pela italiana Maddalena Casulana (1544 –1590), musicista no final do Renascimento. Cantora e compositora, além de tocar alaúde, foi a primeira mulher a ter um livro inteiro de música publicado e impresso. O título “Il primo libro di madrigal” foi publicado em Veneza e trazia suas composições de madrigais para quatro vozes.

Maria Anna Walburga Ignatia Mozart (1751–1829) é a minha outra eleita. Desenvolveu exímio talento ao cravo ainda na infância, porém, sendo cinco anos mais velha que seu irmão Wolfgang Amadeus Mozart, foi impedida de acompanhá-lo em suas viagens e apresentações, pois já havia atingido a idade de se casar. Há indícios de que era compositora, pois recebeu cartas de Wolfgang elogiando seu trabalho, entretanto, nem seu pai, nem seu irmão mencionou sobre suas composições.

Fanny Mendelssohn. Imagem: reprodução.

Outro talento é Fanny Mendelssohn (1805–1847), com 466 composições conhecidas, tendo como destaque o “Oratorium nach Bildern der Bibel” (1831) para coral, orquestra e solistas. Teve um irmão mundialmente reconhecido no meio musical, Felix Mendelssohn, autor da famosa “Marcha nupcial”. Ela fez aulas de piano somente para tocar em casa para a família, pois o fato de ser mulher a impedia de exercer uma profissão. Fanny apresentou um grande virtuosismo musical e demonstrou interesse em se tornar compositora, o que, para a época, era uma vergonha para a família. Entretanto, quando se casou, teve apoio do marido, podendo realizar recitais em casa e posteriormente algumas apresentações em público.

Clara Schumann. Foto: reprodução.

Clara Schumann (1819–1896) foi esposa e parceira de trabalho do compositor Robert Schumann. Era uma grande pianista, mas precisou interromper seu trabalho musical muitas vezes devido a problemas pessoais. Viúva, Clara dedicou sua vida a promover e divulgar a obra de seu marido Robert Schumann. Teve também como parceiro de trabalho o compositor Brahms.

Outra de talento foi Dinorá de Carvalho (1905–1980), compositora, pianista e a primeira brasileira a reger uma orquestra. Além disso, foi a 1.ª mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Música, fundada por Heitor Villa-Lobos em 1945. No ano de 1930, criou e dirigiu a Orquestra Feminina de São Paulo, a primeira orquestra da categoria na América Latina. Seu trabalho rendeu diversas premiações e reconhecimento nacional e internacional.

Atualmente a música contemporânea conta com muitas musicistas, entretanto, ainda existe preconceito nesse meio, tanto na escolha do instrumento, na tessitura da voz ou até mesmo no estilo musical considerado “adequado” a mulher.

A música é uma linguagem de expressão artística com várias vertentes, muitas possibilidades. Enquadrar a mulher em um pequeno grupo selecionado a ela pela sociedade é privar a própria sociedade de desfrutar de possíveis grandes talentos musicais.

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