Em defesa da vida do homem

Condição médica grave os impede de fechar gavetas, guardar o leite e manter o nariz dentro da máscara

Ando muito preocupada com uma crise de saúde pública que a GRANDE MíDIA teima em não noticiar. Algo que coloca em risco a vida e integridade física de milhões de homens em todo país diariamente. E que segue sem a devida atenção das autoridades sanitárias: o sério problema cognitivo que afeta os homens e os impede de dar conta de gestos simples como – só um exemplo – manter o nariz dentro da máscara.

Não sou só eu que penso nisso. O assunto mereceu até mesmo um artigo no New York Times, mas que discutia a possibilidade da inabilidade masculina em proteger as narinas dentro da máscara ser uma nova manifestação daquele fenômeno que os impede de fechar as pernas quando se sentam em bancos do transporte coletivo.

Penso que há muitas manifestações desse grave problema de saúde, como a incapacidade de fechar gavetas ou guardar o leite de volta na geladeira (obviamente um risco para a saúde estomacal do homem). É sempre curioso observar tais lapsos em pessoas cuja capacidade intelectual é sabidamente muito maior que a de nós mulheres.

Aviso: Este texto obviamente contém ironia

Portanto foi com surpresa que soube por um conhecido outro dia que homens não conseguem também ver a sujeira que nós do sexo feminino vemos (e limpamos) o que explica definitivamente o porquê de lavarem a louça, mas não limparem nem a pia, nem o fogão. Ou seja, além de afetar o cognitivo, o mal que os aflige tem repercussões no sistema óptico, talvez até no olfato e no tato.

Mas é nas ruas que esse mal se apresenta em todo seu esplendor. Apesar da ameaça de doença, dor, sofrimento e até morte, milhares de homens diariamente não conseguem reunir a destreza manual e a coordenação fina necessária (sem falar na empatia e o respeito ao próximo) para MANTER A PORRA DO NARIZ DENTRO DA MÁSCARA (perdoem o linguajar chulo, são os hormônios).

Em casos mais graves, a situação envolve também a necessidade de tirar a máscara para espirrar e usar as mãos para assoar o nariz e não as lavar depois. E, no limite, pode até acontecer o mesmo que aconteceu com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, flagrado sem máscara num shopping em Manaus, onde obviamente estava se entregando a uma atividade tipicamente feminina, a compra de máscaras.

Meu cérebro simplório de fêmea obviamente não tem o poder de processamento necessário para compreender os meandros e a complexidade dos desafios que a superioridade intelectual masculina enfrenta rotineiramente enquanto nós nos ocupamos com sapatos, roupas e o desejo incontrolável de ter filhos e estourar o limite do cartão de crédito.

No entanto, dada a possibilidade real desses homens acabarem doentes e, portanto, precisarem da típica habilidade feminina do cuidado, penso que é de nosso interesse enquanto mulheres reivindicar que tal condição seja devidamente estudada e tratamentos (precoces ou não) sejam desenvolvidos. E enquanto nossas vozes não são ouvidas – uma vez que é difícil para os homens saberem quando o que estamos falando não é um tópico que já dominam – o que nos resta é gentilmente iniciar um protocolo próprio de tratamento precoce, a saber, deixar de dar conta da sujeira, da gaveta aberta, do leite fora da geladeira e do risco iminente de contaminação no lugar deles.

Sobre o/a autor/a

3 comentários em “Em defesa da vida do homem”

  1. A-do-rei!! Hahahah!
    Seu texto me lembrou Virgínia Wolf (muita ironia, embora bem mais sutil, em “Um teto todo seu”). A ironia, às vezes, é a única tábua de salvação num mar de ignorância.
    Seguimos resistindo.

  2. Antonio C. Carnasciali Goulart

    Dou plena razão às mulheres ! Há mesmo uma obliteração cognitiva dos homens, embora hajam também mulheres, em colocar a máscara de forma incorreta! E ainda verificamos atos piores! A máscara pendurada no pescoço! Talvez influenciados pela conhecida caxumba induziu a que se encontrasse outra grave doença, a “queixumba”!

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