“Serve bem dois maconheiros”: Bek’s lança mão do bom humor para turbinar delivery

Tradicional bar do Água Verde luta para se reinventar sob o comando da filha do fundador

O Bek’s Bar, tradicional boteco no Água Verde, lançou mão de bom humor – e uma pitada de irreverência – para promover suas iguarias no iFood. A nova comunicação é parte da estratégia da nova proprietária, Giovanna Lima, para renovar a clientela e dar nova linfa ao local que completa 41 anos em 2021.

A descrição no aplicativo da porção de frango a passarinho, acompanhada por fritas, cerveja de garrafa e molho de alho (R$ 113,10), já avisa sobre a fartura da refeição: “Serve bem dois maconheiros”, diz em tom irreverente. Já a versão com mandioca é “larica para ser compartilhada”.

E tem mais ironias no menu. O bucho ensopado, acompanhado de pão francês (R$ 61,60), por exemplo, é pensado para servir “duas pessoas ou uma taurina”. Para quem não pegou a referência, reza a astrologia que as pessoas do signo do Touro são comilonas.

Frango a passarinho com polenta frita. Foto: Hana Ligia/Divulgação.

“O bar é meu espaço de trabalho e acredito que nada mais coerente que ele se pareça comigo. Eu me posiciono politicamente, sou mulher, sou sapatão e quero que outras pessoas que se identificam comigo façam parte da história do Bek’s”, explica a proprietária.

Jornalista e pichadora poética – ficou famosa por escrever poesias e reflexões nos muros de Curitiba com a assinatura G.L. –, Giovanna assumiu o comando do boteco em fevereiro do ano passado, após a morte do pai e fundador do local, Jefferson Eduardo de Lima, ocorrida em setembro de 2019.

Desde então, o bar sofreu pouquíssimas mudanças: a decoração continua praticamente a mesma, assim como o cardápio. “Tirei algumas coisas que tinham pouca ou nenhuma saída e busquei melhorar a qualidade do que já existia”, diz Giovanna.

Bolinho de siri é novidade da casa. Foto: Hana Ligia/Divulgação.

Os tradicionais petiscos e sanduíches, como o pão com bolinho e o provolone à milanesa, continuam fazendo a fama do bar. A tulipa de frango também tem sua legião de fãs, visto que poucos lugares a preparam desse jeito, invertida.

Mas, Giovanna sabe que é preciso se reinventar. Entre as novidades estão a porção de dadinhos de tapioca (R$ 40) e o bolinho de siri (R$ 53 para 12 unidades). “A ideia é acrescentar, assim que haja verba, comidas clássicas de boteco, como pão com pernil, torresmo, pão com bife”, afirma a proprietária. 

Bucho ensopado, um dos clássicos do bar. Foto: Hana Ligia/Divulgação.

A empresária não esconde que o Bek’s navega em águas turbulentas desde que começou a pandemia. Enquanto ela tenta regularizar o alvará para reabrir com atendimento presencial, a única fonte de receita é o delivery, o que não tem sido suficiente para fechar as contas no azul.

No ano passado, três funcionários foram demitidos e hoje a equipe conta com as cozinheiras Joseane e Cláudia, o garçom e gerente Jocimar, o Jô, que trabalha no Bek’s há 27 anos. “Ele tem sido meu braço direito, esquerdo e às vezes até as pernas”, agradece Giovanna.

Giovanna Lima e a namorada Giovana Lemos lutam contra o preconceito. Foto: Arquivo pessoal.

Internamente, o Bek’s ainda se parece muito com o bar que todos conhecem. Apenas alguns brinquedos da infância da Giovanna passaram a decorar as prateleiras atrás do balcão.

Alguns elementos, porém, são intocáveis, como a prateleira de bebidas que está lá há mais 40 anos. Giovanna pensa também em colocar uma mesa de sinuca. “Quero que o Bek’s seja um espaço de convergência entre passado e presente. E, mais que isso, que seja um espaço de criação e resgate de novas memórias”, diz a proprietária. 

Tulipa de frango “invertida”, raridade nos botecos. Foto: Hana Ligia/Divulgação.

Para isso, Giovanna batalha para quebrar estereótipos e preconceitos. “O mundo mudou muito desde a época que meu pai criou o bar. Alguns comportamentos preconceituosos e discriminatórios não podem ser mais tolerados. Quero aproveitar e fazer um convite para as pessoas, que assim como eu, acreditam na inclusão, na diversidade, na pluralidade, na democracia, no respeito, que venham me ajudar a transformar o Bek’s num espaço de resistência, de trocas, de cultura, de arte”, explica.

Todas suas energias estão voltadas para isso. Até a atividade de poetisa urbana entrou em lockdown: “Por enquanto só estou espalhando por folhas de caderno e arquivos do Word. E, se minha lua em virgem e minha insegurança não me devorarem, em breve, vem livro por aí”, revela.

A pequena Giovanna com o pai Jefferson, fundador do Bek’s Bar. Foto: Arquivo pessoal/Giovanna Lima.

Serviço

Rua Brasílio Itiberê 3645, Água Verde – (41) 3242-7232 (WhatsApp). Delivery pelo iFood ou entrega própria de segunda a sábado das 17h30 até as 23h; instagram.com/beksbarcwb; twitter.com/beksbarcwb.

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11 comentários em ““Serve bem dois maconheiros”: Bek’s lança mão do bom humor para turbinar delivery”

  1. Luciano J Molinari

    Bar tem que ser democrático, tem que ser frequentado por qualquer tipo de pessoa. O “gado” que vá no madero ou na havan (letras minúsculas propositais).
    Teve bar que assumiu o lado bolsominion e hj está falido pois foi traído por seus frequentadores.
    O gado, eleitor do bozo, que ainda tem o mínimo de bom senso, já arrependeu-se do erro que cometeu.
    O que consola é que falta menos de um ano para as eleições e pouco mais de um ano pro genocida, preconceituoso, tosco, incompetente e tudo o que pode existir de pior para um politico, cair fora. #FORABOLSONARO…

  2. Aki, só a verdade

    Seu guilherme e seu leon, política pode ser discutida, sim. O problema é que os fanáticos que apoiam o genocida miliciano corrupto ignorante acreditam que o Brasil vai ser dominado pelo comunismo em pleno 2021. Não gostaram? Madero para vocês…

    1. Prezado “AKI SÓ A VERDADE”, você é o perfeito exemplo do que estamos vivendo. Você pode falar “ genocida miliciano”, mas os outros não podem falar “dominados pelo comunismo em 2021”. Pra que democracia, não é mesmo? Afinal o que vale é o seu pensamento e o deste bar fascista. Saudades do Jeferson, pai dessa senhorita, com quem eu adorava falar de futebol.

  3. Concordo com o Leon. Querem respeito, mas não respeitam os outros. Onde já se viu boteco em que não se pode discutir política? Triste fim de um bom bar…

  4. Frequentei muito até casar e virar pai, era muito bom, esporadicamente ainda ia, mas com pandemia parei de vez. Agora decepcionado, deixando bem claro, não é preconceito, mas não entendo como alguém exige respeito, mas não respeita o direito dos clientes serem a favor desse ou daquele político. A liberdade e o respeito só vale pra um lado?? Triste isso!!

  5. Conseguiram acabar com mais um bar tradicional.

    Alem de tudo, precos altissimos. Só trouxa para pagar tao caro por coisas insignificantes.

    Que nem abra!!

  6. Poema para as Giovannas

    Uma é lima e outra é lemos
    E são namoradas, vejam só!
    Bom vê-las assim, meninas,
    Alumiando o mundo
    Ou, como disse um outro poeta,
    (Muito melhor do que este velhote)
    Cabeça pra fora e acima da manada
    Afrontando o ódio obtuso contra o povo LGBTQ+
    Obrigado por serem assim corajosas
    E por terem enxotado os fascistas
    Eu e Sônia
    Pai e Mãe de Nayre e de Jean
    Ambos LGBTQ+
    Vivendo fora de armários fedorentos
    Agradecemos vocês duas
    Afinal, famílias LGBTQ+ podemos
    Andar pelo mundo de cabeça erguida
    Nós amamos, e eles, os LGBTQ+-fóbicos, odeiam
    Eles fecham portas, nós abrimos janelas
    Eles apagam a luz, nós somos pirilampos
    VIVA A DIFERENÇA!
    VIVA A VIDA!

    Paulo Roberto Cequinel
    08/julho/2021

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