Curitiba chega a 5 mil mortos por Covid-19 com a curva subindo

Média móvel de casos teve alta de 28% em duas semanas. No Paraná, são 24 mil mortos e 1 milhão de infectados

“Quando fui informado sobre a morte do meu irmão eu estava no trabalho. Peguei um ônibus e cerca de 50 minutos depois desci no ponto próximo à casa da minha mãe. A família combinou de se encontrar lá. Dar a notícia a ela seria uma tarefa difícil. Depois de muito esforço cheguei. A notícia já tinha sido dada e os gritos que ouvi me acompanharão pelo resto dos meus dias.”

O relato é do jornalista José Pires, irmão do pedreiro Marcos Aurélio Pires, 51 anos, morador do Pinheirinho e uma das 5 mil vítimas da Covid-19 em Curitiba. “No Brasil, assim como minha família, mais de 430 mil lares precisam conviver diariamente com o vazio da perda. Com a falta da voz, da risada, do cheiro, da presença. Nenhuma tabela ou gráfico pode mensurar as consequências que a morte gera. Nenhum cientista social, antropólogo ou cientista político pode descrever os danos. Imensurável é o estrago que essas mortes causaram.”

Marcos Aurélio Pires é uma das vítimas da doença em Curitiba. Foto: Arquivo Pessoal

Na Capital do Paraná, foram 5.015 mortes e 200 mil casos confirmados de coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020. Neste momento, são 7,7 mil pessoas com o vírus ativo no organismo, na Cidade. Somente hoje, foram 23 óbitos e 688 novos casos de Covid-19 em Curitiba.

A taxa de ocupação real nos leitos para pacientes com coronavírus no Município já passou de 100% e tem 21 pessoas na fila de espera. O índice de reprodução do vírus (RO), que mostra a velocidade de transmissão da doença, está maior do que 1 há mais de 15 dias, o que não é bom. Nas últimas duas semanas, houve um aumento de 30% no número de novos casos diários de Covid-19 na Cidade.

Ainda assim, a Prefeitura decidiu manter a Bandeira Laranja – ativa há 79 dias – e segue com poucas restrições de circulação para os curitibanos. O mesmo para o Estado, que só deve anunciar novas medidas na próxima semana, mas com regras “regionalizadas”.

Mortes

Fonte: Monitor Covid-19 Curitiba/Plural

A curva de óbitos pela doença em Curitiba teve seu ápice em março e abril de 2021, quando o sistema de saúde entrou em colapso. Faltaram profissionais, respiradores, medicamentos para intubação, oxigênio e estrutura para receber os pacientes, com idosos sendo atendidos no chão e pacientes sem Covid sendo internados ao lado de positivados. Hospitais públicos e privados suspenderam o atendimento de emergência pois já não tinham mais como receber novos pacientes. Pessoas esperavam dias nas Unidades de Saúde por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), lotadas até hoje.

O número diário de mortes por Covid-19 em Curitiba voltou a subir no início de maio, quando passou de 20 óbitos por dia – foram 23 nesta sexta. Em 2020, números semelhantes só foram registrados entre fim de julho e início de agosto – o pico da pandemia até então – e na última semana de dezembro, com 26 vítimas no dia 2 de janeiro.

O ápice das mortes pela doença na Capital foi em março de 2021, quando foram registrados 47 óbitos, no dia 30, chegando a 49 mortes em 5 de abril.

Desde então, a curva vem oscilando, entre 20 e 35 mortes diárias. Nesta última semana, ela teve uma ligeira queda de 3% na média móvel dos óbitos, mas uma elevação de 28% na média móvel de casos. O que deve aumentar em breve, resultado das aglomerações para comprar presentes e reunir a família no Dia das Mães.

Fonte: Monitor Covid-19 Curitiba/Plural

Um milhão de contaminados

O Paraná anunciou hoje um milhão de pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia, sendo 24.187 óbitos – o que representa 2% do total. Somente nesta sexta-feira (15), foram 145 mortes por Covid-19 e 9.338 novos casos em todo o Estado. A média móvel dos casos teve alta de 26% nos últimos 14 dias, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Já os óbitos caíram 34% em relação ao mesmo período. O total de leitos ocupados em UTI/SUS é de 94% no Estado.

“Podem existir argumentos que tentam justificar a demora na vacinação; que tentam sustentar dúvidas quanto às posições políticas da Organização Mundial da Saúde; que tentam mostrar que imprensa e alguns governadores se aproveitam da pandemia para fins políticos. Mas não há argumento algum para tripudiar sobre a dor das famílias. Não há graça no choro das mães e das filhas. Nada justifica o prazer sobre os gritos aterrorizantes de quem sepulta um dos seus”, conclui José Pires.

Sobre o/a autor/a

3 comentários em “Curitiba chega a 5 mil mortos por Covid-19 com a curva subindo”

  1. Não me espanta esses números por ser um reduto bolsonarista! Nesses estados dominados pela extrema direita os números são assombrosos, RS, AM assim como Paraná sofreram e sofrem por seguir as orientações de um genocida e ignorar a ciência e os órgãos competentes… Só Lula pra tirar o país dessa situação. Um homem q deveria estar se dedicando ao q sobrou da sua família, precisa voltar ao jogo pra salvar o que vai restar do Brasil! Mas 2022 está longe ! Salvem-se quem puder! Viva a CPI da covid

  2. É difícil saber que estaremos novamente no caos em mais uma ou duas semanas… e ver a inércia da prefeitura (que já adiantou que vai culpar a própria população). Há algumas semanas uma amiga perdeu o pai. Ele se infectou poucos dias antes de poder tomar a vacina. Quando se perde alguém próximo dessa forma, não há como dizer que foi “o destino”. Foi homicídio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima