Funcionários do Hospital de Clínicas entram em greve nesta quinta (13)

Sindicato diz que as unidades Covid seguirão funcionando 100%, mas a instituição não garante que seja possível

Milhares de trabalhadores da empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) que atuam no Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC), em Curitiba, prometem entrar em greve a partir desta quinta-feira (13). Eles representam 55% do quadro de funcionários da instituição, que conta com 1.736 contratados pela estatal e outros 1.462 via Regime Jurídico Único (RJU). A reivindicação é salarial.

“Nós estamos há um ano e meio em negociação com a empresa. A nossa data base seria a data da reposição inflacionária, que aconteceu no dia 1º de março de 2020, mas nós não chegamos num acordo, e aí começou a pandemia”, explica o técnico em enfermagem Jedaias Rodrigues Oliveira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Paraná (SINDSEP-PR).

Para agravar a situação, agora a EBSERH quer alterar o cálculo de insalubridade dos contratados. “A alteração visa mudar a base de cálculo para o salário mínimo. Hoje, é o salário que o empregado recebe. Essa mudança traria um impacto financeiro muito grande para o trabalhador, principalmente para os que atuam na assistência ao paciente. Enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, profissionais que hoje estão na linha de frente no combate à Covid-19 seriam impactados.”

Segundo a direção do SINDSEP-PR, a empresa não oferece contrapartida nenhuma para essa mudança. “Ela age de forma arbitrária, dizendo que a manutenção do acordo coletivo está condicionada à aceitação desta cláusula que só traz prejuízo aos empregados.”

O sindicato adianta que UTIs Covid-19 e atendimento emergencial seguirão com 100% de funcionamento. “O nosso movimento não visa, em momento nenhum, prejudicar os pacientes, só que, infelizmente, algumas áreas serão afetadas. A greve não é uma vontade do empregado, mas é necessária pela falta de valorização num momento tão importante pra saúde nacional e o controle da pandemia, mas a empresa vem dando um duro golpe nos trabalhadores. A posição da representação dos empregados é de que ou a empresa muda sua postura, ou a partir de amanhã estaremos em greve.”

Quebra na cadeia 

É importante frisar que a EBSERH é uma estatal que atua como administradora dos hospitais universitários federais. Aqui em Curitiba, o Complexo Hospital de Clínicas, cujo corpo de funcionários é composto, em sua maioria, por empregados públicos concursados de diversas áreas – administrativas, assistenciais e médicas. Mas a greve é nacional.

A superintendência do CHC criou uma comissão para gestão da greve. O objetivo é avaliar diariamente a manutenção dos serviços e o impacto da paralisação, mantendo um canal de comunicação com o comando dos grevistas. “O sindicato sinalizou que as as unidades Covid terão atendimento 100% mantido. Quanto aos demais serviços, só teremos uma avaliação a partir de amanhã, pois os empregados têm o direito de comunicar formalmente na data de início da greve. É  importante destacar que para manter um leito ativo, uma cadeia complexa de serviços de apoio é necessária. Isto inclui almoxarifado, central de material esterilizado, rouparia, nutrição, exames de imagem, laboratórios, farmácia e todos os demais serviços assistenciais e administrativos. Assim, uma quebra nesta cadeia pode impactar o atendimento dos pacientes”, diz a enfermeira Jaqueline Dias do Nascimento Selleti, que faz parte da chamada Comissão de Gestão de Greve.

Ela também pontua que a gestão do CHC não pode propor acordos, já que as reivindicações vêm de todo o país e envolvem uma empresa que faz a gestão de mais de 40 hospitais em quase todos os estados do Brasil. “A nível local não temos gestão sobre estas negociações.”

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1 comentário em “Funcionários do Hospital de Clínicas entram em greve nesta quinta (13)”

  1. Eliane de Jesus de Andrade Alves Laurindo

    Boa noite eu gosto muito deste jornal Plural acho a matéria muito interessante. Para as pessoas que vão ler.

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