Como é estar em sala de aula na pandemia? Sete alunos contam sua história

Depois da volta das escolas particulares, Plural ouviu estudantes de Curitiba para saber como é a rotina de estudos e restrições

Há pouco mais de um ano, com o início da pandemia, uma das medidas adotadas para combater a disseminação do coronavírus no Paraná foi o fechamento das escolas, tanto da rede pública quanto privada de educação. Desde então, a data de retorno das atividades escolares presenciais variou entre as duas redes de ensino. Enquanto a maior parte dos alunos do sistema público ainda aguarda a retomada dos estudos presenciais, os estudantes da rede particular têm, desde o início de fevereiro – e ininterruptamente desde 5 de abril -, a possibilidade de retornar às escolas, ainda que parcialmente.

Alan Zakaluzny, de 17 anos, e Juliana Corrêa Soares de Lara, de 15, estudam na mesma turma do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba. Eles contam que optaram por retornar às aulas presenciais no início de fevereiro principalmente pela dificuldade que sentiam em se concentrar nos estudos com todas as distrações que tinham em casa.

Frequentando as aulas no modelo híbrido de ensino – em que metade dos estudantes comparece à escola e a outra metade acompanha as aulas pela Internet, alternadamente -, Alan e Juliana relatam que a rotina mudou muito desde que voltaram à instituição, o que fez com que o foco e a dedicação aumentassem. “Eu tenho muita ansiedade, então a rotina de volta às aulas me ajudou muito nesta questão, pois consigo cumprir e seguir meu cronograma de estudos”, comenta Alan.

Mesmo animados com o retorno, o medo da contaminação e a insegurança ainda são presentes no dia a dia dos estudantes, visto que nas escolas há um fluxo de circulação não apenas de alunos, mas também de funcionários, professores e pais. “A grande vantagem das voltas às aulas presenciais é o melhor aprendizado dos alunos e o contato com os colegas, que acredito ser muito importante no cenário em que estamos vivendo. Mas, na escola existem muitas pessoas passando pelos mesmos ambientes, então todos estão suscetíveis a contaminação do vírus”, pondera Alan.

Para Juliana, além do aumento na qualidade do aprendizado, frequentar a escola funciona como um escape dos acontecimentos ruins causados pela pandemia. “Os estudos ocupam esse espaço na minha cabeça.”

Colégio Marista Paranaense. Foto: Allyson Berger

Gleicy Ciolarri, mãe de Lavínia, de 14 anos, relata que o que fez a família optar pelo retorno da jovem à escola foi justamente a importância da socialização para a saúde mental da filha.

Assim como Alan e Juliana, Lavínia conta que ter algumas aulas presenciais significa um alívio. Porém, o novo modelo exige da estudante adaptações na rotina. “É um ambiente diferente agora, querendo ou não. Estar na escola com máscara, não poder chegar perto dos amigos do jeito que você fazia antes. É complicado, é uma adaptação difícil, mas estou seguindo”, afirma.

Já Arthur Cardoso de Santi, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Positivo, conta que além de optar pelo retorno presencial para amenizar a falta de interação social, alguns problemas técnicos e dificuldades de comunicação no modelo on line também agregaram na hora da decisão. Como são apenas oito alunos por sala na escola, Arthur frequenta as aulas diariamente.

Augusto Degraf e Vitoria de Oliveira, ambos de 17 anos, estão se preparando para o vestibular nos Colégios Bom Jesus e Sesi Internacional, respectivamente. Os estudantes contam que a falta de foco e a vontade de vivenciar presencialmente o último ano do Ensino Médio foram os motivos que os fizeram retornar ao ambiente escolar. Enquanto Augusto alterna as aulas presenciais semanalmente, Vitoria frequenta a escola todas as terças, quintas e sextas-feiras, das 8h às 17h.

Colégio Sesi. Foto: Gelson Bampi

“Toda semana parece que é um primeiro dia de aula”, brinca Augusto, que mesmo entusiasmado com o retorno, diz que o medo é inevitável, principalmente em um momento em que pessoas cada vez mais jovens estão sendo contaminadas com o vírus. “Eu adoro estar no presencial, é um frio na barriga toda vez, mas ao mesmo tempo é uma alegria imensurável de estar com os amigos novamente e matar aquela saudade”, comenta. 

Augusto Degraf, no meio, com os amigos. Foto: Arquivo pessoal.

Paula Rassi, de 12 anos, está no 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba. Ao contrário dos outros estudantes, a jovem retornou às aulas presenciais já em novembro de 2020, no sistema híbrido de ensino. A não ser pelo período de lockdown, em março deste ano, a adolescente teve aula presencialmente todos os dias. “Como é uma escola bem pequena – tem 10 pessoas na minha sala, contando comigo – optei por voltar”, explica. Já adaptada à nova rotina, a estudante afirma que agora consegue se concentrar e acompanhar mais facilmente as atividades.

Paula diz que se sente segura em relação à contaminação, visto que sua escola segue todos os protocolos sanitários para o combate à disseminação do coronavírus. Porém, ela lembra que a realidade da instituição não é, necessariamente, a de todas na Capital: “Acho que as escolas públicas já são outra história. Muitas vezes não existem recursos, o que dificulta também a fiscalização”. 

A professora de redação do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Positivo, Candice de Almeida, também enxerga uma discrepância entre a situação das escolas públicas e privadas da cidade. Mesmo convivendo com o constante medo da contaminação e aguardando o início da vacinação dos educadores, a professora afirma que as condições oferecidas pela instituição possibilitaram o retorno das atividades escolares presencialmente. “Eu tenho uma realidade distinta de grande parte [das instituições de ensino] porque trabalho em um colégio particular, grande, então a gente tem todas as possibilidades das restrições sanitárias, temos possibilidade de compor 30% da sala de aula com bastante distanciamento, os alunos têm acesso à internet, podemos fazer o ensino híbrido”, exemplifica. 

Foto: Divulgação/Colégio Positivo

Candice relata que voltar às salas de aula fez toda a diferença, tanto para os estudantes quanto para os professores, principalmente em um momento que cresce a falta de informação e o negacionismo a respeito da pandemia. “A escola é essencial. Estar em sala de aula é fundamental. Ela é a arma que a gente tem contra a ausência da ciência.”

De acordo com o Governo do Paraná, o início da vacinação dos educadores com idade entre 55 e 59 anos está previsto para esta semana.

Colaborou: Maria Cecília Zarpelon

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