Nesta segunda-feira (8), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba têm 125 pacientes à espera de leitos Covid. Destas, 85 são para Enfermaria e 40 para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dos nove hospitais de Curitiba com leitos de UTI SUS Covid, cinco estão lotados. Dos quatro restantes, apenas dois estão com a taxa de ocupação abaixo de 90%.
Apesar da abertura de 15 novos leitos de UTI exclusivos para Covid, a taxa de ocupação na Cidade está em 96%, com apenas 19 leitos disponíveis pelo SUS. Somando com a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), são 321 pacientes que aguardam a liberação de um leito, sendo 123 para UTI e 198 para Enfermaria. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
A situação fica ainda mais preocupante ao lembramos que as UPAs estão lotadas e sobrecarregadas e com dificuldade de atender a demanda da população, mesmo para aqueles que precisam de atendimento médico por outros motivos, que não Covid.
Na UPA do Pinheirinho, por exemplo, uma enfermeira relata que por conta da superlotação – tanto de pessoas com Covid quanto não Covid – os pacientes que precisam de medicação são colocados nos corredores, com os soros pendurados nas paredes. “Os pacientes ficam aguardando vaga nas poltronas, às vezes até por três a quatro dias”, diz. “Pacientes nem levantam pra fazer xixi por medo de perder a poltrona.”
Sem espaço físico para expandir o número de leitos, profissionais de Saúde das UPAs passaram a realizar os atendimentos nos corredores e salas improvisadas. “O número de profissionais é insuficiente, é sempre muito cansativo e a qualidade do atendimento cai muito. Se chegar 10 pacientes, a gente vai colocar os 10 para dentro, vai dar um jeito, improvisar”, conta um profissional da UPA Cajuru.
Fila aumentou 13 vezes em um mês
A demanda por vagas de atendimento continua crescendo em todo o Paraná, onde existem mais pessoas com necessidade de internação por Covid-19 do que leitos disponíveis.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostram que há 4.446 pessoas internadas com suspeita ou confirmadas com o vírus, além de 1.071 na fila aguardando por uma vaga. Este é maior número desde o início de 2021. O Estado registrou, em um mês, aumento de quase mil pessoas que aguardam por leito: de 78 em 8 de janeiro, o número subiu para 1.071 em 8 de março.
Conforme o relatório, das 1.473 vagas para tratamento exclusivo Covid-19 de adultos, 1.433 estão ocupadas. Isso corresponde a uma taxa de ocupação de 97% no Paraná.
Hospitais perto do colapso
Os dados da Sesa mostram que diversos hospitais do Paraná apresentam lotação máxima nos leitos exclusivos para Covid-19. Na Capital, duas instituições particulares já fecharam os Pronto Atendimentos (PA) por conta da superlotação.
Cinco dos nove hospitais de Curitiba com leitos de UTI SUS adulto exclusivos Covid-19 estão lotados. Dos quatro restantes, apenas dois estão com a taxa de ocupação abaixo dos 90%: o Hospital São Vicente Centro, com 80%, e o Hospital do Trabalhador, com 86%. O Hospital Santa Casa tem 92% dos leitos ocupados enquanto o Hospital de Reabilitação tem 97%.
No Hospital de Clínicas (HC), todos os setores estão cheios. Já no Hospital do Trabalhador, mesmo com todas as áreas funcionando, as duas UTIs de trauma estão sem nenhuma vaga. “Hoje tinha muita gente, fiquei até assustada. No ambulatório ainda tem bastante gente vindo. São pacientes também de reconsulta, pós operatório”, conta uma profissional. Ela acredita que nos próximos dias a situação pode ficar ainda pior e existem chances de alguns setores do hospital serem fechados.
Números não param de subir
Nesta segunda-feira (8), o Paraná registrou 19 mortes por coronavírus e 2.019 novos casos. Do total de 4.446 internados no Estado, 2.248 são pacientes com Covid-19, sendo 1.962 em leitos SUS (799 UTI e 1.163 Enfermaria) e 286 na Rede Particular (116 em UTI e 170 na Enfermaria). Os outros 2.198 são pacientes com suspeita do vírus, sendo 791 em leitos UTI e 1.407 na Enfermaria, internados tanto na Rede Pública quanto na Particular.
Em Curitiba, nos últimos dois dias – domingo (7) e segunda-feira (8) – foram 2.114 novos casos e 32 óbitos. A Capital, que já passou das três mil mortes em decorrência da doença, conta com 10.747 casos ativos.
Colaborou: Maria Cecília Zarpelon
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