As fadinhas que se f…

Projeto de artistas mostra novas "fadas" da vida real toda quarta no Instagram

Sobrou pouco de encanto às musas da galeria virtual criada com textos de Leonarda Glück e ilustrações de Katia Horn, talvez somente as asas. As “Fadinhas Fodidas” vivem no mundo do não-faz-de-conta, são irônicas, coloridas e têm um humor ácido. O pó que essas fadas às avessas espalham ao voar pelo Instagram e pelo Facebook é o da reflexão. 

As publicações acontecem às quartas-feiras, no @maisfadinhas, e os temas em geral surgem da polêmica da semana. Com um toque de crônica moderna, que flerta com o conto e com a charge, se apropriam da linguagem dos memes e põem a varinha de condão nas feridas da vida e, principalmente, no que dói às mulheres. Para as autoras, existe diversidade no feminino, mas as questões da relação com o mundo são do ser humano, independe de ser cis ou trans. Falam de política, bem como de personagens anônimos, sexualidade, machismo, homofobia, transfobia e até do BBB. 

Fadas, será?! Leonarda explica que as obras retratam mulheres do nosso mundo, que são subversões dos seres encantados porque não possuem magia alguma e estão entre o real e o imaginário, entre o bem e o mal. “A ideia é que as fadinhas se posicionem de vários lados do espectro político, então a gente tem fadinhas que são boas mesmo e fadinhas que são ruins, tem fadinhas negacionistas, fadinhas bolsonaristas, tem fadinhas para todos os gostos. E são ´fodidas´ por isso mesmo, tem as que são boas e ´se fodem´ e tem as que são más, e podem até não ´se foder´, mas ´fodem´ com os outros, o que faz delas umas ´fodidas´ também.” 

Para Katia, trata-se de um registro de um tempo, um retrato artístico do que está acontecendo hoje. A ilustradora compartilha da visão de sua dupla sobre a criação: “Elas são muito contemporâneas e a asa aparece quase como uma ironia da falta de poder dessas mulheres frente ao mundo. Algumas estão no lado inverso, elas acabam se estrepando pelas atitudes, mas tem algumas bem maldosas ali no meio.” 

O projeto, que iniciou independente, completará um ano em abril e nasceu de textos que Leonarda escrevia nas redes sociais há cerca de três anos. Em seguida, veio o convite do produtor cultural Igor Augustho, para que Katia entrasse na empreitada com ilustrações. As artistas — que se esbarraram no elenco do premiado filme paranaense “Alice Júnior” e trabalharam juntas anteriormente na peça “A Mesa”, com dramaturgia de Leonarda e cenários de Kátia — aceitaram o desafio. 

Fada datilógrafa, a preferida de Leonarda: “uma escritora que parece estar desesperada pelo contexto do isolamento. Mas a cara dela é assim tipo: “Me tirem daqui, sabe? Eu me identifico muito com ela.”

Hoje, “Fadinhas Fodidas” conta com o incentivo da Lei Aldir Blanc via Programa de Apoio e Incentivo à Cultura — Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Ministério do Turismo. Leonarda ressalta a importância na aprovação do projeto na Lei: “acabou sendo um respiro para que a gente continuasse fazendo arte e sobrevivesse, porque o teatro sofreu um blecaute total”.

Além de 20 das ilustrações, o incentivo prevê a produção de um documentário, com direção de Thiago Bezerra Benites, que vai revelar detalhes do processo de criação das obras. No futuro, as “Fadinhas Fodidas” pretendem alçar novos voos em livros e produtos personalizados.

Serviço: 

Instagram: https://www.instagram.com/maisfadinhas
Facebook: https://www.facebook.com/maisfadinhas

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