Com 159 à espera de vagas, RMC manda pacientes para o Interior

Agravamento da Covid-19 leva a sete transferências; Capital tem apenas 21 leitos livres e faltam profissionais

Com 159 pessoas à espera de vagas e muito perto de chegar à saturação máxima de seu conjunto de UTIs do SUS exclusivas para Covid-19, a Grande Curitiba teve que começar a mandar contaminados em estado grave para internamento em cidades do interior do Estado. A possibilidade havia sido reportada pelo Plural no início da semana. Dias depois, com o agravamento do cenário na região, sete transferências já foram confirmadas.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), cinco pacientes foram encaminhados para Guarapuava e Laranjeiras do Sul. As saídas foram de Piraquara e Fazenda Rio Grande, enquanto outros três estavam internados no Hospital Angelina Caron – embora não necessariamente sejam moradores de Campina Grande do Sul. Além disso, a pasta disse ter confirmado nesta quinta-feira (3) a transferência de dois outros moradores de São José dos Pinhais para Guarapuava. Todos estavam em estado grave. Nos municípios que receberam, há leitos SUS para Covid no Hospital Regional de Guarapuava e Instituto São José (Laranjeiras).

Os encaminhamentos ocorrem na semana em que a Sesa decretou toque de recolher em todas as regiões como uma das medidas mais extremas para tentar conter o avanço do vírus – desde julho o Estado não tinha nenhuma medida para diminuir a flexibilização das atividades.

“Estamos muito perto do limite máximo de capacidade do sistema de saúde para pacientes de Covid”, voltou a alertar o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak. “O que as pessoas precisam entender é que o número de pacientes novos a cada dia é maior do que o número de leitos que nós conseguimos liberar. Por isso, a única maneira dessa equação ter um equilíbrio é nos termos menos pacientes novos a cada dia”.

No início da tarde, a Central de Leitos coordenada pela prefeitura de Curitiba tinha 159 pacientes suspeitos ou contaminados pela Covid-19 à espera de internação. Administradora da fila de leitos, a Sesa informou que 115 esperavam uma vaga em enfermarias e outros 44 em UTIs.

“Em algum momento, por melhor que a gente tenha condição de ampliação de leitos, essa ampliação é finita e não haverá condição de ampliar indefinidamente. E a nossa estimativa é que a cada 10 contaminados, pelo menos 1 paciente vá precisar de internação. Se nós tivermos 3 mil casos de confirmação em um dia, como tivemos ontem em todo o Paraná, por exemplo, nós vamos ter que internar 300 pacientes”, avalia Filipak.

Atualização mais recente da Sesa mostra que Curitiba e Região Metropolitana estão com 4 dos seus 11 hospitais em lotação máxima nos leitos de UTI: Erasto Gaertner, São Vicente, Hospital Evangélico e Hospital do Idoso. Em outros cinco – Santa Casa, Hospital de Reabilitação, Hospital do Trabalhador, Hospital de Clínicas e Hospital do Rocio – a ocupação supera os 80%.

Hospital Evangélico está com UTIs lotadas. Foto: HUEM

Bandeira Laranja e mais leitos

Por enquanto, Curitiba não precisou encaminhar nenhum de seus pacientes a hospitais do Interior. Contudo, a Capital paranaense está diante da maior crise de gestão de leitos enfrentada até agora na pandemia – tanto que renovou, nesta quinta, o decreto que estipula restrições moderadas à cidade.

Por mais sete dias, os curitibanos devem permanecer sob diretrizes sanitárias da chamada bandeira laranja, que fecha bares e suspende a circulação de pessoas das 23h às 5h.

Segundo o balanço mais recente da Secretaria Municipal de Saúde, das 434 vagas de UTIs para adultos disponíveis na cidade, apenas 21 estão livres. Nesta quinta, Curitiba confirmou 13 óbitos e 1.380 novos casos de Covid-19.

Para conseguir dar mais respiro ao sistema – como já vinha fazendo antes para evitar impor novas restrições na cidade –, a prefeitura reativou leitos na Maternidade Victor Ferreira do Amaral, gerenciada pela Universidade Federal do Paraná. Exclusivo para gestantes, o hospital já tinha se transformado em centro de atendimento para pacientes de Covid no início da pandemia.

A reativação dá à Capital 54 novos leitos, sendo oito de UTI. Com isso, a capacidade de leitos de UTI do município passa de 344 para 352, chegando muito perto das 355 vagas criadas no primeiro pico da Covid-19 na cidade. O número considera os leitos anunciados com a suspensão das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão e Fazendinha.

Apesar da expansão de vagas, representantes de médicos e enfermeiras afirmam que não há equipes de saúde suficientes para atender novos pacientes graves.

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4 comentários em “Com 159 à espera de vagas, RMC manda pacientes para o Interior”

  1. Ricardo L R Souza

    Uma coisa que notei e não achei nada na imprensa sobre isso é que os dados sobre casos de COVID-19 da Secretaria Estadual de Saúde (https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Coronavirus-COVID-19) não estão mostrando os dados completos de Curitiba (novembro e dezembro). Por ex. , na reportagem acima informa 1380 novos casos na quinta em Curitiba e na planilha da Secretaria só aparecem 73 casos para Curitiba.
    Gostaria de descobrir porque isso está acontecendo.
    Att

  2. Ótima reportagem. Pena que ainda não se conseguiu explicar (seja a jornalista, seja o Poder Público) por que se diz que os leitos não estão completamente ocupados enquanto há fila para ocupação.

    Se há 44 pacientes à espera de UTI, qual é o sentido de dizer que a lotação não é de 100%?

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