Ônibus seguem lotados em Curitiba

Ocupação deveria ser de até 70% mas passageiros reclamam de aglomerações e risco de Covid-19

Com a pandemia de Covid-19, a Prefeitura de Curitiba decretou, entre outras medidas, lotação máxima no transporte público de até 70% de sua capacidade. O decreto 1600/20 começou a valer em 27 de novembro, mas usuários relatam que nada mudou e os ônibus seguem lotados, especialmente nos horários de pico. A Urbanização de Curitiba (Urbs) diz que não houve nenhuma alteração significativa na movimentação de passageiros mas que vai reforçar o monitoramento.

Gustavo Ferraz utiliza a linha Pinheirinho/Carlos Gomes todas as manhãs e percebe o movimento. “Eu comecei a trabalhar em março deste ano. Desde então, os horários estavam reduzidos. Embora, víssemos na televisão autoridades dando entrevistas dizendo que a frota ia aumentar conforme crescesse a demanda, isso não aconteceu.”

Ele conta que notou uma diminuição no número de passageiros, mas que o distanciamento social no transporte público, prometido pelas autoridades, não vem acontecendo.

Beatriz Stanger, que utiliza as linhas Interbairros II e III e Boqueirão/Centro Cívico, relata que a lotação nos coletivos é, sem dúvida, maior que 70%. “Tenho muito medo de pegar os ônibus. Quando saio do trabalho, às 18h, o tubo fica super cheio e os ônibus lotadíssimos. Eu deixava passar até três, para tentar pegar um mais vazio. Eu pegava o quarto ônibus, relativamente vazio. Mas como é horário de pico, ele ia enchendo no caminho, até ficar lotado também.”

Linha Boqueirão/Centro Cívico, às 18h desta quarta (2). Foto: Beatriz Stanger

“De uma forma ou de outra, sou obrigada a pegar um ônibus cheio”, conta Beatriz, que mudou o horário de trabalho para tentar fugir da lotação. “Mesmo pegando ele vazio, ainda dá medo saber que já passaram muitas pessoas ali, e que o ônibus provavelmente não foi limpo nesse meio tempo. Além de tudo isso, infelizmente há pessoas que não usam a máscara dentro do ônibus, e pessoas que não a usam corretamente.”

A usuária garante que mesmo depois da bandeira laranja, não houve mudança no fluxo de pessoas, pelo menos não nas linhas utilizadas por ela.

Estação-tubo na Cândido de Abreu, no fim da tarde. Foto: Beatriz Stanger

O movimento nos coletivos já foi registrado também pelo Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), conforme mostrou o Plural. Em outubro, fiscais do TCE constataram falta de fiscalização por parte da Prefeitura e falhas na política de controle do sistema, com estações -tubo e ônibus lotados.

Coletivos cheios, registrados em outubro. Foto: TCE/PR

O não distanciamento social nos coletivos também foi questionado pelo Plural em coletiva de imprensa sobre o novo decreto. Na ocasião, a secretária municipal de Saúde, Marcia Huçulak, garantiu que haveria fiscalização por parte da Urbs e frota de 100% em circulação.

O uso de todos os veículos das empresas no transporte coletivo de Curitiba pode ter pesado na hora do prefeito Rafael Greca (DEM) enviar à Câmara de Vereadores projeto de lei que estende por mais seis meses o subsídio financeiros para as empresas de ônibus – que já vem acontecendo desde maio, sendo contestado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR).

Lotação também nas estações-tubo. Foto: TCE/PR

Resposta

Em nota, a Urbanização de Curitiba (Urbs) informa que as linhas Pinheirinho/Carlos Gomes e Boqueirão/Centro Cívico já operam com 100% da frota e as linhas Interbairros II e III com 73% e 50% da frota respectivamente, com reforços nos terminais. A Urbs garante que “todas essas linhas também contam com ônibus de reforço que podem ser acionados em caso de movimento de passageiros acima do normal.”

Após a publicação da reportagem, a Urbs informou que havia se enganado e que “as linhas Interbairros II e III estão operando respectivamente com 73% e 70%” (e não com 50% como informado anteriormente).

A fiscalização é feita pelo Centro de Controle Operacional (CCO) e pelos fiscais em campo. “As imagens coletadas pelo CCO não mostraram, nos últimos dias, nenhuma alteração significativa na movimentação de passageiros dessas linhas, mas a Urbs vai reforçar o monitoramento principalmente nos horários de pico. O movimento de passageiros no transporte coletivo de Curitiba está em 47% do que era antes da pandemia.”

Colaborou: Matheus Koga

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