Sem leitos, governo fala em transferir pacientes de Curitiba para Telêmaco Borba

Com hospitais lotados em Curitiba, infectados podem ser encaminhados para Ponta Grossa ou Telêmaco Borba

A superlotação de leitos clínicos e de UTI para pacientes do coronavírus em Curitiba e cidades da Região Metropolitana pode resultar em transferências de doentes para outras cidades do interior do Estado. Isso pode acontecer caso os leitos disponíveis se esgotem. Segundo o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, a secretaria tem capacidade de ampliação de vagas disponíveis em Ponta Grossa e Telêmaco Borba.

Segundo Filipak, 93 UTIs e 228 leitos clínicos foram ativados na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) na semana passada. “Todo o sistema de saúde é finito. Nenhum tem recursos infinitos, seja público ou seja particular”, alerta.

O envio de pacientes para outras cidades já aconteceu em outros Estados, como em São Paulo, no primeiro pico da doença. Na RMC, a maior parte dos leitos está na Capital e em Campo Largo, mas as instituições dessas cidades já estão no limite. Nesta segunda-feira (30), a ocupação de leitos de UTI Covid-19 em Curitiba está em 94% – há apenas 20 leitos liberados – e de leitos clínicos está em 85%.

No Hospital do Rocio, em Campo Largo, 133 dos 143 leitos de UTI Covid (93%) estão já ocupados e 140 dos 314 leitos de enfermaria (40%) estão em uso.

Filipak estima que pelo menos por mais três semanas o sistema de atendimento médico da RMC deve continuar sob pressão. “O custeio, o financiamento [de novos leitos] está mantido. Não existe falta de custeio. O que se esgota são as pessoas. O profissional só pode atender um número X de pacientes”, diz.

Há também um limite físico à expansão de leitos, mesmo a Regional Leste, da qual a RMC faz parte, ter a maior parte das vagas no Estado. “É uma região que concentra quase metade da população do Paraná”, aponta o diretor.

Se os pacientes forem transferidos para outras cidades, deverão ser atendidos pelos Hospitais Regionais de Ponta Grossa (que hoje já está com suas UTIs Covid-19 100% ocupadas) e de Telêmaco Borba.

Hospitais lotados

A situação dos maiores hospitais de Curitiba continua grave. No Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Erasto Gaertner está com a ala Covid-19 completamente lotada. A Santa Casa, que recebeu cinco novos leitos há poucos dias, já está com a UTI Covid 97% em uso.

No Hospital de Clínicas, os leitos de enfermaria exclusivos para a Covid já estão completamente ocupados e os de UTI são apenas 4 dos 61 leitos livres. Outro hospital de grande porte, o Hospital do Trabalhador, não tem mais nem leitos de UTI nem de enfermaria livres.

Já no Pequeno Príncipe, um dos dois únicos hospitais a ofertar UTI Covid pediátrica em Curitiba, está completamente lotado.

O Hospital Nossa Senhora das Graças não recebe novas internações e pacientes graves desde domingo (22). “Estamos com nossa capacidade máxima de lotação em nossas unidades de internação e de terapia intensiva, em especial as unidades específicas para pacientes com Covid-19”, relata a unidade de sáude, em nota no Facebook.

Também desde o dia 22, o Hospital Sugisawa não está recebendo pacientes graves. Sua ala de internação está em ocupação máxima. Segundo nota oficial publicada no Instagram, “devido ao aumento expressivo do número de casos de Covid-19 na cidade de Curitiba, o Pronto Atendimento está no limite de sua capacidade.”

No Hospital Marcelino Champagnat, os 33 leitos exclusivos para Covid-19, estão ocupados. O agravamento da pandemia em Curitiba foi registrado pela unidade, que em nota, relata um crescimento de 128% de pacientes com queixa de síndrome gripal na primeira quinzena de novembro.

No Litoral, apenas cinco leitos de enfermaria ainda estão livres. A UTI do Hospital Regional do Litoral está totalmente lotada.

Colaborou Matheus Koga

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